Após o forte tombo de 8,3% no ano passado, o pior resultado em 13 anos, a produção da indústria brasileira abriu 2016 em pequena alta frente a dezembro, mostram os dados divulgados pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (4).
A produção registrou alta de 0,4% na passagem de dezembro para janeiro deste ano. O aumento interrompeu sete quedas consecutivas nesta base de comparação, maior sequência da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002.
O resultado veio melhor que as expectativas de economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, que viam uma queda de 0,4% da produção industrial na base mensal e um recuo de 14,8% na comparação anual.
“O resultado pode estar ligado ao retorno das férias de alguns ramos da indústria. O dado é positivo, mas insuficiente para mudar a tendência de queda do setor”, disse André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE.
Comparação anual
Os dados se revelam desastrosos na base de comparação anual. O setor produziu 13,8% a menos na comparação ao mesmo mês do ano passado. É a maior queda registrada desde abril de 2009 (-14,1%).
Neste caso, foi a 23ª queda consecutiva do setor, pior desempenho da série histórica. São, portanto, quase dois anos seguidos de redução da produção.
O setor industrial é um mais afetados pela crise. Com ainda pouca demanda, a atividade tem cortado sua produção e o número de empregados para cruzar a recessão da economia, que se estende para este ano.
“Os fatores do ano passado permanecem, como aumento do desemprego, salário real menor, preços mais elevados, crédito ainda com condições mais escasso e restrito”, disse o gerente da coordenação de indústria do IBGE.
Nos últimos 12 meses, a produção acumula uma queda de 9%, a mais intensa desde novembro de 2009 (-9,4%).
Setores
Dos 24 ramos acompanhados pelo IBGE, 15 tiveram alta na produção na passagem de dezembro para janeiro deste ano.
A principal influência positiva para o mês foi a atividade de refino (coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis), com avanço de 2,8% frente a dezembro de 2015, a segunda alta consecutiva.
O resultado ocorre após fortes perdas desse ramo da indústria em outubro e novembro do ano passado, quando recuaram 8% em meio a greves de petroleiros. Os dois meses de alta não recuperam o tombo.
Outros destaques positivos importantes vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (6,1%), interrompendo cinco meses de resultados negativos. O setor de bebidas avançou 3,8%, após três meses de queda que superou 10%. Já máquinas e equipamentos avançou 3,1%, a primeira alta desde meados do ano passado.
Dos setores que ainda se mantiveram em trajetória de queda, ainda se destacaram as indústrias extrativas (petróleo e minério de ferro), com queda de 2,7%, o quarto resultado negativo consecutivo.
O setor ainda é influenciado pelo rompimento da barragem da Samarco (joint venture da BHP Billiton com a Vale) em Mariana (MG) em novembro do ano passado. Paradas de manutenção de plataformas também pesaram.
Olhando o desempenho desses ramos agrupados em grandes categorias, os bens de capital (que inclui máquinas e equipamentos) tiveram leve alta de 1,3% de dezembro de 2015 para janeiro de 2016, segundo o IBGE.
Futuro
O avanço do mês foi o primeiro desde maio do ano passado (0,4%), mas insuficiente para eliminar as perdas de 8,7% acumuladas de junho a dezembro do ano passado, período em que marcou sete queda seguidas.
Além disso, o patamar de produção da indústria permanece 19,2% abaixo do recorde registrado em junho de 2013, segundo informou o IBGE.
Pela média das projeções dos economistas, a produção da indústria deve encolher 4,5% este ano. O número foi coletado pelo boletim Focus, do BC (Banco do Central). Em 2017, a expectativa é de alta de apenas 0,8%.
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