A produção industrial brasileira caiu 0,5% em março frente a fevereiro, evidenciando dificuldades para que a indústria se recupere, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com março de 2011, a produção diminuiu 2,1%, sétimo resultado negativo seguido.
Ainda segundo o IBGE, o primeiro trimestre de 2012 fechou com recuo de 3% quando comparado com um ano antes. O pior desempenho foi o da indústria automotiva, que "encolheu" mais de 20%. De 26 segmentos, 14 produziram menos neste início de ano, e a queda de 3% foi o pior resultado para um trimestre desde o período julho-setembro de 2009, quando a indústria foi fortemente afetada pela crise mundial.
"O resultado mostra claramente um menor dinamismo da indústria brasileira, ou seja, um redução mesmo da produção. Ainda que haja uma redução nos juros, há outros fatores que contribuem para esse dinamismo menor da indústria", disse o economista do IBGE André Macedo.
De acordo com IBGE, alguns fatores conjunturais continuam prejudicando a indústria, entre eles o dólar baixo, a entrada de importados e o desempenho fraco da economia.
De acordo com o IBGE, a produção baixou 18 dos 27 setores pesquisados na comparação mensal em março, com destaque para os de edição e impressão (-7,1%) e combustíveis (3,6%). Na ponta oposta, o IBGE destacou o avanço no segmento de veículos automotores (+11,5%) mas, no trimestre, as montadoras ainda acumulam queda de 20,4%.
"Depois de dois meses de redução na produção, em março a produção de veículos voltou a crescer. Mas como os estoques estão elevados, nada impede que haja novas quedas nos próximos meses", disse Macedo.
Patinando
Apesar dos esforços do governo, o setor industrial já vinha dando sinais de que ainda patina. Por exemplo, o Índice de Gerentes de Compras de Produção Industrial (PMI, na sigla em inglês) do instituto Markit divulgado na quarta-feira recuou para 49,3 em abril, ante 51,1 em março. Ao ficar abaixo da marca de 50 pontos, que separa contração da expansão, depois de três meses seguidos acima desse nível, o índice aponta para "a primeira deterioração nas condições operacionais do setor industrial em 2012", segundo o instituto.
Recentemente, o governo lançou um pacote de estímulo à indústria que englobou desde a desoneração da folha de pagamentos de alguns setores até novos aportes oficiais ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de R$ 45 bilhões. O objetivo é garantir um crescimento da economia brasileira na casa de 4% neste ano, tido como improvável pela maioria dos economistas.
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