Afetadas pelo fraco desempenho da indústria, as exportações do Paraná fecharam o primeiro semestre em queda pela primeira vez em quatro anos. De janeiro a junho, as empresas do estado venderam ao exterior US$ 8,55 bilhões em mercadorias, 3% menos que no mesmo período de 2012. O último recuo desse tipo havia sido registrado na primeira metade de 2009, sob os efeitos da crise internacional.
INFOGRÁFICO: Exportações diminuíram pela primeira vez desde 2009
Os principais responsáveis pela baixa foram os manufaturados, produtos industrializados de valor agregado mais alto. As exportações desse grupo diminuíram 7% no primeiro semestre, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal. As vendas de semimanufaturados (produtos intermediários, como açúcar bruto, chapas de madeira, couros e outros) recuaram 6%. A única categoria que elevou os embarques foi a de produtos básicos (entre eles, soja, milho e carnes), com leve aumento de 1%.
Os manufaturados, que em meados da década passada chegaram a responder por mais da metade das exportações do Paraná, fecharam o primeiro semestre com uma participação de apenas 37%, 1,4 ponto porcentual a menos que em igual período de 2012. A fatia dos produtos básicos, por outro lado, chegou a 51,3% do total, segundo a Secex.
Esses movimentos se refletem no ranking das principais exportadoras do estado. Entre as dez maiores, oito são exportadoras de produtos básicos ou semimanufaturados, como a BRF e a Bunge, que lideram a lista. Apenas duas empresas a Renault, em terceiro lugar, e a Volkswagen, na décima posição representam a indústria de manufaturados no "top 10" de 2013. Cenário bem diferente do observado em 2005, quando seis das dez maiores exportadoras do Paraná eram do setor industrial.
"Quando o câmbio era mais favorável, exportávamos muito mais. Por volta de 2005 ou 2006, 30% da nossa produção era exportada, para países como Chile, Estados Unidos e Canadá. Hoje é algo em torno de 5%", diz Marino Garofani, presidente da Brafer Construções Metálicas, de Araucária (Região Metropolitana de Curitiba).
A companhia está concluindo a montagem de uma linha de produção de celulose no Uruguai, e em breve começa a construir uma siderúrgica na Venezuela. Contratos como esses esporádicos, segundo Garofani é que ainda garantem alguma exportação. "A subida do dólar neste ano melhorou um pouco as condições, mas o câmbio ainda está longe de ser atrativo."
Receitas
Queda nas vendas ao exterior compromete faturamento do setor
No ano passado, apenas 16,5% da produção industrial paranaense foi destinada ao exterior. O índice foi o mais baixo em pelo menos 14 anos, segundo dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). E é grande a chance de que o recorde negativo seja renovado neste ano.
De janeiro a maio, as empresas do setor exportaram 14,9% menos que no mesmo período de 2012, segundo a mais recente pesquisa da federação. De tão ruim, o resultado puxou para baixo o faturamento total da indústria, que caiu 1,2% apesar do avanço nas vendas dentro do Paraná (0,2%) e para outros estados (4,5%).
As exportações não reagiram nem à alta do dólar, um antigo desejo dos empresários do setor a cotação média da moeda norte-americana subiu quase 10% em relação ao primeiro semestre de 2012.
"Abrir um mercado no exterior leva bastante tempo e, depois de perdido, é difícil reconquistá-lo. Deve demorar até a indústria reencontrar seu espaço lá fora. E não sei se será fácil. Enfrentamos uma concorrência muito forte dos países asiáticos, que têm outro nível de preço", explica Roberto Zürcher, economista da Fiep.
Há outros obstáculos, lembra Zürcher. A demanda externa está muito fraca, em especial da Europa, tradicional cliente da indústria paranaense. Além disso, as incertezas em relação à economia brasileira deixam os próprios exportadores mais cautelosos. "O empresário não quer fechar um contrato de exportação de dois anos sem ter ideia do patamar futuro do câmbio e dos juros", diz.
Exceção
Um dos poucos segmentos da indústria que vem crescendo com alguma consistência no mercado internacional é o madeireiro, cujas exportações subiram 11% no primeiro semestre. "Com a recuperação da construção civil nos Estados Unidos, a indústria madeireira começa a retomar uma parte do espaço perdido", avalia o economista.
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