A crise na indústria brasileira não dá trégua ao mercado de trabalho. O setor voltou a cortar vagas em outubro, pelo sétimo mês consecutivo, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total de empregados no parque industrial do País diminuiu 0,4% em relação a setembro. O número de horas pagas aos que permanecem contratados também encolheu, a sexta taxa negativa seguida, o que pode se reverter em novas demissões à frente.
Após meses consecutivos de cortes de pessoal, o total de empregados na indústria já é 8,7% menor do que o pico registrado em julho de 2008, calculou Fernando Abritta, economista da Coordenação de Indústria do IBGE. O patamar do emprego no setor é o segundo mais baixo da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, iniciada em janeiro de 2001. "O nível de emprego só não foi mais baixo do que o de outubro de 2003", contou Abritta.
Na comparação com outubro de 2013, a redução de 4,4% no número de trabalhadores foi a 37ª taxa negativa consecutiva, resultado de demissões em todos os 14 locais pesquisados. Em São Paulo, a queda chegou a 5%. O setor que teve maior impacto sobre o total de ocupados foi o de meios de transportes, tanto em São Paulo (com queda de 7,4% no emprego) quando na média do Brasil (recuo de 8,1%). "São as montadoras, fábricas de autopeças, motocicletas", explicou Abritta.
No Paraná, o emprego na indústria teve retração de 4,5% em outubro na comparação com o mesmo mês no ano passado. Foi o oitavo mês seguido em que as demissões superam as contratações na indústria paranaense. Nos últimos 12 meses o desempenho também foi negativo, com queda de 3,74% nos postos de trabalho.
O setor de máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações foi o grande responsável pelo resultado negativo do Paraná em outubro na comparação com igual mês do ano anterior (-28,4%), seguido por vestuário (-12,3%) e produtos de metal (-10,6%). Por outro lado, as contribuições positivas na geração de postos de trabalho no Paraná vieram da indústria do fumo (4,2%), madeira (5,2%) e produtos químicos (2,5%).
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