Os empresários paranaenses João Noma e Sérgio Prosdócimo receberam, ontem, a medalha da Ordem do Mérito Industrial por suas atividades de destaque no meio industrial brasileiro. A distinção foi entregue pelo primeiro secretário da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e chanceler da Ordem, Paulo Afonso Ferreira, que representou o presidente Antônio Monteiro Neto. O prêmio é concedido anualmente a empresários que se distinguem pela capacidade de liderança, gestão e empreendedorismo. Cerca de 250 pessoas entre elas, o vice-governador Orlando Pessuti aplaudiram os dois industriais, na solenidade realizada no Cietep, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), sob a coordenação de seu presidente, Rodrigo Rocha Loures.
O prêmio, de acordo com o londrinense João Noma, vem em um momento de insegurança e "escuridão no fim do túnel" para a indústria nacional. Proprietário da Noma do Brasil S/A, que fabrica reboques graneleiros, tanques e basculantes, o empresário reclamou do abandono da agroindústria, que afeta diretamente sua empresa. "O governo Lula se preocupou demais com o lado populista e com o pessoal de baixa renda, deixando de lado a parte da produção", afirmou. O ramo de transportes, destacou, perdeu com a alta taxa de juros, a variação no câmbio e o baixo valor da soja e dos grãos. "Estou contando até dez para investir. A taxa de tributos e os juros para financiamento no setor industrial estão muito altos. É preciso baixar as taxas para motivar os empresários a investir", disse.
Noma disse que a União precisa reduzir seus gastos para baixar os tributos, que consomem 40% da receita das empresas. Para ele, a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva traz ainda mais incertezas para o futuro econômico do país. "Não podemos investir por dois anos, porque precisamos avaliar o que vai acontecer."
Ao receber o mérito, o empresário Sérgio Prosdócimo, dono da Charlotte Indústria de Produtos Alimentícios, alertou que o futuro das indústrias no país é preocupante. "Vejo com tristeza o quadro de hoje, porque antigamente o governo propiciava ferramentas para que o setor crescesse. Hoje não temos mais essa alavancagem para que a indústria cresça e produza. Isso precisa ser renovado, com sistemas de empréstimos pagos com o lucro das empresas. Os juros estão muito altos e não temos dinheiro para investir", criticou.
Esse foi um dos motivos pelos quais, disse, vendeu a Refrigeração Paraná (Refripar), que fabricava linha branca com a marca Prosdócimo, para a sueca Electrolux, em 1996. "As multinacionais investem porque têm o dinheiro. É muito difícil para nós conseguirmos esse dinheiro", lamentou. Segundo Prosdócimo, a expectativa do setor produtivo está na esperança de "que o presidente se cerque de gente competente. Ele tem uma sensibilidade política, mas administrativamente deixa a desejar". O caminho para a melhoria seriam investimentos dos governos federal e estadual em infra-estrutura e no setor agrícola. "É preciso consolidar as estradas e os portos", disse.
Mesmo preocupado, Prosdócimo se disse esperançoso. "O Brasil vai crescer porque esse país é fantástico. Apesar do castigo que recebe, ainda está vivo. Os nossos empresários são os melhores do mundo", afirmou, emocionando-se várias vezes ao longo do discurso.