Três em cada quatro industriais brasileiros afirmam que a infraestrutura do Nordeste do país está em condições regular, ruim ou péssima e cobram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por mais investimentos principalmente em logística.
O diagnóstico faz parte de um estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça (27) e evidencia um cenário preocupante que impacta diretamente a competitividade e o desenvolvimento da indústria regional. Para a entidade, uma “necessidade urgente” de atenção.
De acordo com o relatório “Panorama da Infraestrutura – Edição Nordeste”, 74% dos empresários industriais veem deficiências em questões como deterioração das malhas rodoviária e ferroviária e de veículos, portos e hidrovias, segurança hídrica e a necessidade de fomento à produção de hidrogênio verde.
Roberto Muniz, diretor de relações institucionais da CNI, afirmou que a infraestrutura deficiente é um dos principais componentes do Custo Brasil e que é preciso encontrar formas de superar os obstáculos existentes.
“Se de um lado o Nordeste possui grande potencial de geração de energia e produção agrícola, por outro, a deterioração das malhas rodoviária e ferroviária representa um problema crônico que limita severamente a eficiência logística na região”, disse.
Ainda segundo Muniz, a infraestrutura deficitária de transportes do Nordeste “afeta a segurança viária, eleva a emissão de poluentes, gera engarrafamentos e pressiona os custos logísticos em virtude do aumento do consumo de combustível e deterioração dos veículos”. “Como consequência, o setor produtivo perde competitividade em relação a outros mercados”, pontuou.
Desde o início deste terceiro mandato, Lula tem ressaltado a necessidade de investimentos no Nordeste por conta do potencial de geração de energia limpa, o que é apontado pelos industriais como um impulso na economia da região. No entanto, como aponta Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), é necessário investir na logística dos estados.
“No Nordeste, o avanço das energias renováveis, como a produção de hidrogênio verde (H2V), representa um grande impulso para a região. Além disso, a conclusão de projetos estruturantes, como a Transnordestina, impulsionará a economia regional, facilitando a dinamização da sua produção, além de fomentar uma maior integração com o resto do mundo”, disse.
Apesar dos desafios, diz a CNI, o governo federal tem se esforçado para reduzir o déficit de infraestrutura no país. O Novo PAC, em parceria com estados e municípios, prevê um investimento de R$ 700 bilhões em obras e empreendimentos na Região Nordeste.
Contudo, o setor industrial ainda vê a necessidade de projetos prioritários, como a conclusão de obras rodoviárias e ferroviárias, a modernização dos portos e o fomento à produção de hidrogênio verde, para garantir um desenvolvimento sustentável e competitivo para a região.
O estudo também destaca a importância crescente das energias renováveis na região. O Nordeste lidera a produção de energia eólica no país, com 92% da capacidade instalada, e 60% da potência instalada na geração solar.
Desde 2019, a região, que antes importava energia, passou a exportar, enviando 3.100 MW médios ao sistema interligado nacional em 2023. “Com a expansão da geração eólica e solar, o Nordeste se tornou um importante exportador de energia”, aponta o relatório da CNI.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, enfatizou que o relatório é um passo fundamental para a melhoria da infraestrutura no Nordeste, essencial para o fortalecimento da indústria e da economia regional. “Este estudo é resultado de uma articulação com empresários e federações das indústrias do Nordeste, com o objetivo de preparar a infraestrutura dos estados para a neoindustrialização que o Brasil precisa”, destacou Alban.
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