O Brasil perdeu uma posição no ranking global de competitividade, neste ano, e agora ocupa a 57ª posição entre 144 países. Feito pelo Fórum Econômico Mundial, o estudo aponta para a ineficiência do governo como o principal fator de piora do ambiente econômico entre 2013 e 2014. Educação superior e qualidade da saúde, por outro lado, foram os quesitos que o país apresentou evolução no último ano.
Segundo Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral e responsável pelos dados do Brasil que compõem o ranking, o levantamento mostra que o país precisa fazer reformas necessárias, como trabalhista e tributária, o quanto antes.
No quesito instituições, que mede justamente a atuação de órgãos governamentais, o Brasil ficou em 94º lugar. Em 2013, estava em 80º. O país está entre os últimos colocados em alguns dos componentes que integram esse índice, como peso das regulações governamentais (143), confiança nos políticos (140), desperdício do governo (137) e desvios de recursos públicos (135).
Arruda esclarece que o estudo é feito junto de empresários e o cálculo representa uma percepção do setor produtivo.Nem mesmo as aprovações no Congresso do código florestal, do marco civil da internet ou da partilha dos royalties do pré-sal, ajudaram na melhora dessa percepção. "Apesar do Brasil ter feito essas reformas, elas têm avançado de forma mais lenta do que outros países. O Brasil está fazendo menos do que é preciso", afirma.
O ambiente macroeconômico também foi outro fator de perda de competitividade. Pioras na poupança nacional bruta, inflação e dívida bruta, contribuíram para a queda de dez posições nesse quesito.
O ranking revive uma polêmica em torno da legislação trabalhista. Nesse quesito, o Brasil perdeu 17 posições e ocupa atualmente o 107º lugar. "As leis trabalhistas brasileiras não são compatíveis com o trabalho no século 21", diz Carlos Arruda.
Ele lembra da lei da terceirização, que ainda não foi aprovada, como um fator desestimulante. "A comunidade empresarial entende que nada está sendo feito para melhorar essa questão", complementa.
Emergentes
O Brasil está a frente da maioria de seus parceiros comerciais na América Latina, mas é o quarto colocado entre os Brics, atrás de China (28º), Rússia (53º) e África do Sul (56º), e somente à frente da Índia (71º).
Entre as principais economias latino-americanas, o Chile se destaca, em 33º lugar. O Brasil, entre esses países, é o segundo. Está à frente do México (61º), Peru (65º), Colômbia (66º), Argentina (104º) e Venezuela (131º). Arruda afirma que esses países têm maiores dificuldades para avançar no ranking devido ao peso do estado em suas economias. "São países parecidos na ineficiência de seus governos. O Brasil faz parte de um grupo crítico, que possuem práticas aquém da comunidade internacional", diz. O ranking completo será publicado nesta quarta-feira (3).