Casa da IT Inepar Triunfo na CIC: negócio prossegue mesmo com pedido de recuperação| Foto: Marcos Borges/Gazeta do Povo

Construção

Fábrica de casas pré-fabricadas na CIC começa a produzir neste mês

Alheia ao pedido de recuperação judicial de uma de suas sócias, a fabricante de sistemas construtivos IT Inepar Triunfo, instalada na Cidade Industrial de Curitiba, está concluindo a fase de ajustes de equipamentos e deve começar a produção comercial neste mês. A informação é do diretor-presidente da companhia, o ex-governador Mario Pereira.

Segundo ele, a Inepar tem 47% da empresa e a Triunfo, 53%. Pereira voltou na sexta-feira de uma viagem para Barcelona, onde acompanhou os testes – "muito bons, por sinal" – dos materiais usados nos painéis compostos da IT. A empresa investiu R$ 100 milhões em equipamentos e na adequação do parque fabril, o mesmo ocupado pela Inepar entre 1977 e 2003. Cerca de 250 pessoas vão trabalhar lá, entre funcionários da linha de produção e da área administrativa.

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Petróleo

Empresas do setor de óleo e gás passam por dificuldades

A carteira de encomendas da Inepar diminuiu 12% em um ano, para R$ 3,6 bilhões em 30 de junho. A queda, segundo a empresa, "deveu-se principalmente a ajustes em negociação em projetos com a Petrobras relativos à manutenção de plataformas".

Segundo levantamento do site especializado Petronotícias, várias empresas de engenharia passam por dificuldades parecidas porque, pressionada pela necessidade de cortar custos, a Petrobras represa o pagamento de aditivos contratuais. A lista é longa. Empresas como Lupatech e GDK pediram recuperação judicial, a Tenace pediu falência e outras tantas fizeram demissões em massa.

O problema não está só em óleo e gás. Com a desaceleração da economia e a queda dos investimentos, muitas empresas ligadas à área de infraestrutura acabam sofrendo. Em seu último balanço, a Inepar afirma que 2014 está sendo um ano "extremamente difícil" para esse setor, mas diz acreditar que "a partir de 2015 haverá uma melhora nos fundamentos macroeconômicos e institucionais do país, suportados por investimentos produtivos e por um aumento de concessões públicas".

O declínio da Inepar ganhou um novo capítulo no fim de agosto. A empresa, que já foi uma das maiores do Paraná e apareceu entre as mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), pediu recuperação judicial – processo que, se aceito pela Justiça, pode ser sua última chance de salvação.

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INFOGRÁFICO: Veja os resultados financeiros da Inepar

Fundada em 1953 em Curitiba e hoje sediada em Araraquara (SP), a Inepar deve R$ 2 bilhões, quase o dobro de seu faturamento anual. O principal credor, com estimados R$ 850 milhões a receber, é o BNDES, que também é dono de 4,5% da Inepar Indústria e Construções, holding que reúne as atividades operacionais do grupo.

A dívida começou depois de um acelerado processo de diversificação de atividades na década de 1990, que duplicou estruturas e inflou despesas com pessoal e logística. Para acionistas minoritários, erros de gestão também colaboraram para a deterioração da saúde financeira da empresa. A situação se agravou mais recentemente, com a queda nas encomendas de máquinas e equipamentos, em especial na área de óleo e gás, responsável por mais da metade do faturamento do grupo, que também presta serviços e fabrica equipamentos para os setores elétrico e de transporte ferroviário.

Em queda há três anos, a receita líquida da Inepar baixou do pico de R$ 1,54 bilhão, em 2011, para R$ 1,07 bilhão no ano passado. De janeiro a junho deste ano, a empresa faturou R$ 460 milhões, 27% menos que no mesmo período de 2013. Ao mesmo tempo, o prejuízo aumenta: foram R$ 188 milhões no ano passado e R$ 184 milhões apenas nos seis primeiros meses de 2014.

O fundador e presidente do conselho de administração, Atilano de Oms Sobrinho, foi afastado da condução dos negócios. A gestão está nas mãos de Warley Pimentel, sócio do banco Brasil Plural, que vinha assessorando a companhia em sua reestruturação.

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No balanço do segundo trimestre, publicado antes do pedido de recuperação, a Inepar informou que as principais ações de sua reestruturação são a "reorganização do passivo financeiro e fiscal", bem como a venda de ativos e participações acionárias. A empresa também disse estar em busca de recursos financeiros e novos parceiros.