A aquisição de um estaleiro no Rio de Janeiro, no mês passado, consolida uma nova etapa na história da Inepar. O grupo que nasceu no Paraná mas hoje concentra suas atividades em São Paulo e no Rio de Janeiro já vinha atuando na área petrolífera, como fornecedora de equipamentos para plataformas de exploração de petróleo. Agora, aproveita a onda de investimentos no setor para atuar também na construção de navios-plataforma.
Localizado ao lado da cabeceira da ponte Rio-Niterói, o estaleiro pertencia às Indústrias Verolme-Ishibrás (IVI), do empresário Nélson Tanure, que já não operavam mais. O valor do negócio, de R$ 300 milhões, foi financiado pela própria IVI e tem longo prazo de pagamento, segundo o diretor corporativo da Inepar, Jauneval de Oms, mais conhecido como Peteco. "O investimento que fizemos no estaleiro é estratégico. Já estávamos com um pé na área naval e agora vamos entrar pesado, intensificando nossa atuação na área de petróleo e gás", diz Jauneval, irmão do fundador e presidente do grupo, Atilano de Oms.
O próprio Jauneval admite que, desde o início da década, a Inepar anda sumida para os paranaenses. O conglomerado, que faturava cerca de R$ 1 bilhão por ano, atravessou uma longa crise financeira, proporcional ao seu tamanho, e teve de vender sua participação na maior parte dos negócios em que atuava. "Depois da nossa reestruturação, ouvia-se muito: 'Puxa, a Inepar sumiu'. A questão é que ela voltou a crescer, mas agora fora do Paraná", diz o diretor corporativo. A área operacional da companhia mudou-se para as cidades de Araraquara e Jacareí, em São Paulo, e Macaé, no Rio de Janeiro.
No início dos ajustes, as receitas anuais do grupo caíram para menos de R$ 500 milhões. Além da crise e da desconfiança do mercado , a queda deveu-se à paralisação parcial das atividades, na época da transferência das instalações de Curitiba para Araraquara, concluída em 2003. O número de funcionários recuou de 7 mil para cerca de 4 mil. Mas Jauneval revela que, pela primeira vez desde o início da reestruturação, o faturamento da Inepar deve voltar à casa do bilhão de reais mais precisamente, R$ 1,008 bilhão, segundo o planejamento da empresa , com crescimento de 34% sobre os R$ 751 milhões de 2006. A carteira de pedidos já supera R$ 1,5 bilhão, segundo o diretor.
Atualmente, a maioria das atividades do grupo estão concentradas na subsidiária Iesa Projetos, Equipamentos e Montagens, que detém todo o acervo técnico reunido ao longo da história da Inepar. Hoje, cerca de 60% do faturamento do grupo vem da área denominada Óleo e Gás. Geração e Equipamentos responde por 24% das receitas, enquanto a área de Construções é responsável pelos 16% restantes.
A sede administrativa da "holding" Inepar Indústria e Construções S/A "guarda-chuva" que abriga todas as empresas do grupo ainda fica em Curitiba, mas todas as instalações industriais no Paraná foram vendidas. A última, em 2005, foi a fábrica de medidores de energia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), para a multinacional Landis + Gyr.
Para reduzir custos, o maquinário que a Inepar ainda pretendia usar foi transferido para as demais unidades. Em Araraquara, em uma área de 145 mil metros quadrados, a empresa produz geradores para usinas de energia e vagões ferroviários. Em Jacareí, uma subsidiária do grupo fabrica estruturas metálicas para torres de transmissão. E em Macaé, no Rio de Janeiro, está o complexo que produz equipamentos da área petrolífera, principalmente para a Petrobrás.