Questionamento Ações têm movimento atípico

Em janeiro, uma movimentação atípica nas ações da Inepar Telecomunicações – subsidiária inativa do grupo Inepar – na Bolsa de Valores de São Paulo levou a entidade a questionar a companhia sobre os motivos da forte oscilação. As ações ordinárias passaram de R$ 0,39 para R$ 3,12 em 15 dias, com grandes diferenças entre os preços mínimos e máximos. Em 26 de janeiro, por exemplo, o mínimo negociado foi de R$ 0,85 por ação e o máximo, de R$ 2,15.

Nos últimos 12 meses, o valor mínimo da ação foi de R$ 0,35 e o máximo, de R$ 22,89. Ontem, o valor de fechamento foi de R$ 6,09, com valorização de 1.461% em apenas 30 dias. A Inepar Telecomunicações informou à Bovespa que não houve "fato relevante que justifique estas oscilações e/ou que possa impactar nas cotações dos últimos dias". Para o diretorJauneval de Oms, o movimento foi resultado da ação de especuladores. "Não há explicação. As atividades operacionais da Inepar Telecomunicações estão paradas há quatro anos", disse o executivo. Ele não revelou se e quando o grupo pretende liquidar a subsidiária.

Outras duas empresas do grupo estão listadas na Bovespa: a Inepar Energia e a holding Inepar Indústria e Construções. As ações preferenciais da Inepar Energia fecharam o pregão de ontem cotadas a R$ 0,85, com alta de 347% em um ano. Enquanto isso, as preferenciais da holding subiram 68% nos últimos 12 meses, cotadas a R$ 12,90 no fim da sessão de ontem. (FJ)

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A aquisição de um estaleiro no Rio de Janeiro, no mês passado, consolida uma nova etapa na história da Inepar. O grupo – que nasceu no Paraná mas hoje concentra suas atividades em São Paulo e no Rio de Janeiro – já vinha atuando na área petrolífera, como fornecedora de equipamentos para plataformas de exploração de petróleo. Agora, aproveita a onda de investimentos no setor para atuar também na construção de navios-plataforma.

Localizado ao lado da cabeceira da ponte Rio-Niterói, o estaleiro pertencia às Indústrias Verolme-Ishibrás (IVI), do empresário Nélson Tanure, que já não operavam mais. O valor do negócio, de R$ 300 milhões, foi financiado pela própria IVI e tem longo prazo de pagamento, segundo o diretor corporativo da Inepar, Jauneval de Oms, mais conhecido como Peteco. "O investimento que fizemos no estaleiro é estratégico. Já estávamos com um pé na área naval e agora vamos entrar pesado, intensificando nossa atuação na área de petróleo e gás", diz Jauneval, irmão do fundador e presidente do grupo, Atilano de Oms.

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O próprio Jauneval admite que, desde o início da década, a Inepar anda sumida para os paranaenses. O conglomerado, que faturava cerca de R$ 1 bilhão por ano, atravessou uma longa crise financeira, proporcional ao seu tamanho, e teve de vender sua participação na maior parte dos negócios em que atuava. "Depois da nossa reestruturação, ouvia-se muito: 'Puxa, a Inepar sumiu'. A questão é que ela voltou a crescer, mas agora fora do Paraná", diz o diretor corporativo. A área operacional da companhia mudou-se para as cidades de Araraquara e Jacareí, em São Paulo, e Macaé, no Rio de Janeiro.

No início dos ajustes, as receitas anuais do grupo caíram para menos de R$ 500 milhões. Além da crise – e da desconfiança do mercado –, a queda deveu-se à paralisação parcial das atividades, na época da transferência das instalações de Curitiba para Araraquara, concluída em 2003. O número de funcionários recuou de 7 mil para cerca de 4 mil. Mas Jauneval revela que, pela primeira vez desde o início da reestruturação, o faturamento da Inepar deve voltar à casa do bilhão de reais – mais precisamente, R$ 1,008 bilhão, segundo o planejamento da empresa –, com crescimento de 34% sobre os R$ 751 milhões de 2006. A carteira de pedidos já supera R$ 1,5 bilhão, segundo o diretor.

Atualmente, a maioria das atividades do grupo estão concentradas na subsidiária Iesa Projetos, Equipamentos e Montagens, que detém todo o acervo técnico reunido ao longo da história da Inepar. Hoje, cerca de 60% do faturamento do grupo vem da área denominada Óleo e Gás. Geração e Equipamentos responde por 24% das receitas, enquanto a área de Construções é responsável pelos 16% restantes.

A sede administrativa da "holding" Inepar Indústria e Construções S/A – "guarda-chuva" que abriga todas as empresas do grupo – ainda fica em Curitiba, mas todas as instalações industriais no Paraná foram vendidas. A última, em 2005, foi a fábrica de medidores de energia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), para a multinacional Landis + Gyr.

Para reduzir custos, o maquinário que a Inepar ainda pretendia usar foi transferido para as demais unidades. Em Araraquara, em uma área de 145 mil metros quadrados, a empresa produz geradores para usinas de energia e vagões ferroviários. Em Jacareí, uma subsidiária do grupo fabrica estruturas metálicas para torres de transmissão. E em Macaé, no Rio de Janeiro, está o complexo que produz equipamentos da área petrolífera, principalmente para a Petrobrás.

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