Incerteza política
Além das variáveis econômicas, a incerteza sobre o resultado da eleição presidencial também pesa no cálculo dos economistas para o reajuste dos preços administrados. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, negou que fará um "tarifaço" no setor de energia caso vença. Já os candidatos de oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), vêm sinalizando que será preciso elevar consideravelmente o preço da conta de luz. "O novo governo terá que corrigir a defasagem dos preços administrados para não prejudicar suas contas e diminuir a percepção de risco do mercado", diz Camila Abdelmalack, da CM Capital Markets.
O "tarifaço" dos preços controlados pelo governo será o principal foco de pressão inflacionária em 2015 e deverá manter o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima de 6%, segundo consultorias econômicas. Na previsão dos analistas, esse conjunto de itens, que inclui energia, gasolina e tarifas de ônibus, subirá quase 8%, superando o reajuste dos preços livres, que deve ficar em torno de 6%.
Desde 2009, ano posterior à crise internacional, os preços administrados não subiam mais do que os livres no Brasil (4,5% frente a 4,25% dos livres). Se a alta for confirmada, será o maior reajuste dos preços administrados desde 2005, quando este grupo subiu 8,98%. Os preços controlados pelo governo respondem por quase um quarto do IPCA.
"Energia e gasolina terão o maior peso no aumento dos preços administrados. O preço da gasolina está defasado, mas mesmo assim não acreditamos em reajuste este ano, por causa da impopularidade da medida. Mas em 2015, nossa previsão é de aumento de 10% nas bombas e 15% nas refinarias. Para a energia, prevemos reajuste de 17%, considerando o pagamento dos empréstimos às empresas do setor, e o fato de que muitas distribuidoras compraram energia mais cara no mercado livre e também vão repassar ao consumidor", explica Adriana Molinari, analista de inflação da consultoria Tendências.
A economista Camila Abdelmalack, da CM Capital Markets, prevê que o novo governo, seja ele qual for, não vai conseguir mais adiar o aumento da gasolina, em 2015, o que seria prejudicial às próprias contas. Ela avalia que o Planalto precisará incrementar suas receitas, após uma série de medidas para incentivar a indústria.
Na previsão de consultorias de economia ouvidas pela reportagem, o Banco Central (BC) terá que fazer novas elevações da taxa básica de juros (a Selic) para evitar que a inflação oficial supere o teto da meta estabelecida pelo governo. Nas contas da Tendências, o governo elevará os juros até 12,5% no ano que vem, enquanto a LCA e a CM Capital Markets esperam que ela termine 2015 em 12%.
"É possível"
Questionada ontem se a queda de 25% no lucro da Petrobras no primeiro semestre poderia forçar um aumento no preço dos combustíveis em breve, a presidente Dilma Rousseff afirmou que é "possível", mas que não poderia fazer uma avaliação precisa sobre isso neste momento.
"Não especulo nem alimento especulação. No futuro pode ser que tenha aumento. Não estou dizendo que vai ter ou não, só que é possível. Não é minha competência decidir sobre isso".
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