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A inflação brasileira fechou 2023 em 4,62%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a primeira vez em dois anos que fecha dentro da meta, porém próxima do teto. O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação para 2023 em 3,25% com um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e baixo
Os maiores aumentos de preços foram na educação (8,24%), transportes (7,14%) e saúde e cuidados pessoais (6,58%).
Em dezembro, a inflação foi de 0,56%, puxada pela alimentação e bebidas, que aumentaram 1,11%. A alta está relacionada ao fenômeno climático “El Niño”, que causa chuvas mais fortes no Sul e no Sudeste e falta delas no Norte e no Nordeste.
Segundo a analista Laís Costa, da Empiricus Research, o número divulgado nesta quinta não deve levar a uma mudança de estratégia do Banco Central, que deve continuar reduzindo a Selic em 50 pontos-base nas duas primeiras reuniões deste ano. "Contudo, o mercado deve apagar as (poucas) chances de qualquer aceleração no ritmo de corte de juros neste ciclo de redução de taxas", diz.
A mediana das projeções de analistas no boletim Focus para a inflação em 2024 está em 3,9%. Mas há sinais de alerta aponta Igor Cadilhac, economista do PicPay:
- A situação do mercado de commodities agrícolas, e os efeitos do El Niño sobre cereais, leguminosas e oleaginosas, e
- Os aumentos salarias dado baixo desemprego, os ganhos reais recentes e a regra do salário mínimo
Outro fator que demanda cautela, segundo avaliação de Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, é a diminuição do efeito de deflação dos bens industriais. "São fatores que demandam cautela na condução da política monetária, em especial em um ambiente de continuidade de crescimento real de gastos."