O vigor da alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de janeiro que subiu 0,76% e ficou acima do teto das estimativas do mercado levou economistas a revisar para cima suas previsões para o IPCA "cheio" deste mês. Com dados coletados entre 15 de dezembro e 15 de janeiro, o indicador divulgado ontem, espécie de prévia do índice "oficial", deu sinais pouco animadores.
A alta dos preços acelerou em relação à medição de dezembro (+0,69%) e, no acumulado de 12 meses, o IPCA-15 já acumula alta de 6,04%, cada vez mais próximo do teto da meta perseguida pelo Banco Central (de 6,5%) no ano.
O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, elevou de 0,72% para 0,85% sua previsão para o IPCA cheio deste mês. Ele destacou a aceleração do item transportes que passou de 0,17% em dezembro para 0,89% neste mês, pressionado por reajustes de tarifas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador e de habitação (de 0,51% para 0,60%). Além disso, diz, chamou atenção o avanço do item despesas pessoais, de 0,53% para 0,74%.
"A nossa projeção para o IPCA-15 de fevereiro mudou agora de 1,06% para 1,11%, e a do IPCA cheio de fevereiro passou de 0,93% para 0,95%", disse Romão. Segundo ele, o IPCA deve subir perto de 0,50% em março, o que levaria o indicador a subir 2,31% no primeiro trimestre, acima dos 2,06% do mesmo período de 2010. "Mas a pressão maior de alta da inflação deve ficar no primeiro trimestre. Entre abril e junho, esperamos a média mensal de 0,36%, o que representaria uma alta total de 1% do indicador", comentou.
A consultoria Rosenberg & Associados também é da opinião de que a inflação só deverá arrefecer a partir do segundo trimestre. A firma prevê que o IPCA cheio de janeiro deve ficar em 0,80%. Em relatório enviado a clientes, a Rosenberg afirmou que, "apesar de altas pontuais terem exercido grande parte da pressão este mês, em fevereiro o índice deve permanecer em patamar elevado, com o impacto dos reajustes das mensalidades escolares".
Alimentos e serviços
Segundo a equipe econômica do Bradesco, "os preços de alimentos não deverão mostrar grande alívio nos próximos meses", pois as cotações internacionais desses produtos "ainda não mostraram sinais de arrefecimento", ao mesmo tempo em que o Brasil registrou recentemente problemas climáticos graves.
Apesar dessa tendência, Romão vê uma desaceleração no ritmo dos alimentos ao longo do ano. Eles subiram 10,39% no ano passado e, em 2011, tendem a avançar 6,1%, na previsão do economista. O que preocupa são os serviços, que tendem a ficar 7% mais caros em razão do aquecimento da economia.
Romão estima que, no acumulado do ano, o IPCA chegue a 5% mais próximo, portanto, do centro da meta do BC, de 4,5%. A LCA espera ainda que o PIB avance 4,3% em 2011, após 7,6% em 2010. "Neste contexto, é possível esperar que o BC eleve os juros em 1,50 ponto porcentual neste ano. Mas isso é por enquanto", disse Romão, sinalizando que, se a inflação continuar a subir com intensidade nos próximos meses, o BC poderá apertar ainda mais a política monetária.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast