Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Preços

Alimentação, habitação e vestuário puxam queda da inflação, mostra novo indicador da FGV

Inflação
Alimentos foram um dos principais responsáveis pela queda da inflação no primeiro trimestre (Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo / Arquivo)

Ouça este conteúdo

A desaceleração da inflação no primeiro trimestre do ano foi puxada por itens relacionados à alimentação, habitação e vestuário. A constatação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) por meio de um novo indicador apresentado nesta terça-feira (6): o Índice de Preços de Gastos Familiares (IPGF).

O índice registrou aumento de 0,52% em março, acumulando alta de 1,83% no ano e de 4% em 12 meses. Enquanto isso, o IPCA, o índice oficial de inflação, teve elevação de 2,09% no ano e de 4,65% em 12 meses.

No ano passado, o IPGF fechou o ano com variação de 4,94%, dentro da meta de inflação, cujo limite superior era de 5%. No mesmo período, o IPCA variou 5,78%.

Motivos da retração da inflação

O principal item que contribuiu para a desaceleração da inflação foi a alimentação. O índice acumulado em 12 meses caiu de 11,30% em dezembro para 5,73%, em março. Os itens que mais contribuíram para o arrefecimento foram outros produtos e serviços de lavoura (de 20,42% para 6,77%), carne bovina e outros produtos de carne (de 1,84% para -2,99%) e outros produtos do laticínio (de 22,09% para 17,67%).

Também contribuíram para a desaceleração:

  • habitação (de 3,19% para 1,65%), puxada por produção e distribuição de eletricidade, gás água e esgoto e GLP e outros produtos de refino do petróleo;
  • artigos de residência (de 3,32% para 1,11%), puxados por material eletrônico e equipamentos de comunicação e máquinas para escritório e equipamentos de informática; e
  • vestuário (de 7,42% para 4,95%).

Segundo o economista Matheus Peçanha, essa tendência mostrada pelo índice se deve ao fato de que a construção dos pesos possibilita a percepção da substituição de produtos, o que não ocorre nos índices tradicionais, como o IPC, da FGV, ou o IPCA, do IBGE. O novo índice utiliza componentes usados no cálculo do PIB.

“Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento nos preços, por exemplo, os itens substituídos perdem peso no IPGF e seus aumentos passam a contribuir menos para o índice e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explica.

A disseminação da inflação também está perdendo força. Em março, 52,2% dos itens que compõem o índice aumentaram de preço. Em dezembro, tinham sido 73,9%.

O que é o novo índice da FGV

O IPGF é uma nova modalidade de índice de preços ao consumidor, cujos pesos da cesta são atualizados mensalmente. Segundo o especialista, isso faz com que as alterações sejam captadas com mais agilidade. A expectativa é de que, devido a isso, o indicador acumule uma inflação menor no longo prazo que índices tradicionais como o IPCA (IBGE) ou o IPC (FGV).

Ele é similar ao PCE (índice de preços de gastos de consumo pessoais, na sigla em inglês) americano, que é calculado pelo Bureau of Economic Analysis (BEA). Também é utilizado como instrumento de análise pelo Fed (o BC americano), na definição das taxas de juros.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.