Sob a superfície do espetacular crescimento econômico de 2010, a insatisfação dos chineses está em ebulição. Inflação em alta, explosão dos preços de imóveis e gastos médicos são os principais ingredientes do coquetel que azeda o humor da população e mostra o descompasso entre as cifras do PIB e a situação social.
A inflação é a principal fonte de angústia, evidenciada em pesquisa do Banco do Povo, segundo a qual 74% dos entrevistados consideram o atual nível de preços "muito alto para ser aceito". Divulgado em dezembro, o levantamento ouviu 20 mil pessoas em 50 cidades e mostrou o maior grau de insatisfação em 11 anos, além de representar aumento significativo em relação aos 58% do terceiro trimestre.
A maior pressão sobre os preços vem dos alimentos, que acumularam alta de 7,2% em 2010. Até novembro, a alta de vegetais frescos havia sido de 23,7% e a de frutas, de 16,3%. Ao mesmo tempo em que tiveram de gastar mais para comer, os chineses urbanos também viram sua renda crescer no menor nível em sete anos - 7,8% reais, ante 9,8% em 2009.
O ritmo de expansão da renda ficou aquém da forte alta dos imóveis, que para muitos chineses atingiu patamar inalcançável e também não acompanhou a expansão do PIB, de 10,3%. O preço dos imóveis - que não entra no cálculo do índice de inflação - sobe há 19 meses seguidos e sustentou altas mensais de dois dígitos no período de fevereiro a junho de 2010. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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