Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Preços

Grandes capitais têm inflação acima da média; veja onde os preços mais subiram

Inflação
Vista noturna de Belo Horizonte: capital mineira teve inflação acumulada de 8,55% em 12 meses até agosto. (Foto: Pedro Vilela/Divulgação/MTur)

Ouça este conteúdo

As cidades mais populosas do país estão sendo as mais afetadas pela alta dos preços. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no acumulado dos 12 meses encerrados em agosto, a inflação medida pelo IPCA, o indicador oficial, foi de 4,24%. Quatro das seis maiores cidades do Brasil registraram taxas superiores: Belo Horizonte (5,89%), São Paulo (4,61%), Brasília (4,53%) e Fortaleza (4,25%).

Inflação acumulada em 12 meses em algumas das principais cidades brasileiras (fonte: IBGE)

  • 1.° Belo Horizonte (MG):  5,89% 
  • 2.° São Paulo (SP):  4,61% 
  • 3.° Brasília (DF):  4,53% 
  • 4.° São Luís (MA):  4,51% 
  • 5.° Campo Grande (MS):  4,33% 
  • 6.° Fortaleza (CE):  4,25% 
  • 7.° Rio de Janeiro (RJ):  4,24% 
  • 8.° Grande Vitória (ES):  4,16% 
  • 9.° Belém (PA):  3,87% 
  • 10.° Goiânia (GO):  3,84% 
  • 11.° Rio Branco (AC):  3,82% 
  • 12.° Aracaju (SE):  3,76% 
  • 13.° Salvador (BA):  3,71% 
  • 14.° Porto Alegre (RS):  3,47% 
  • 15.° Curitiba (PR):  2,96% 
  • 16.° Recife (PE):  2,75% 

Os transportes foram um dos principais fatores que levaram Belo Horizonte ao topo do ranking de capitais com maior inflação no período. A alta desse grupo foi de 8,55% em 12 meses, quase 90% acima da média nacional (4,53%).

Segundo o IBGE, o transporte público na capital mineira ficou, em média, 8,13% mais caro; as despesas com veículos próprios aumentaram 2,86%; e os combustíveis subiram 18,97%. Outros setores que registraram aumentos significativos em Belo Horizonte foram educação (6,97%), alimentação e bebidas (6,12%) e saúde e cuidados pessoais (5,9%).

Por outro lado, Recife apresentou inflação de 2,75%, menos da metade da registrada em Belo Horizonte. As maiores altas na capital pernambucana ocorreram nos setores de saúde e cuidados pessoais (5,73%), educação (5,28%) e despesas pessoais (2,35%).

De acordo com André Braz, coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), fatores culturais, como o tipo de alimentação predominante, ajudam a explicar essa disparidade. No Recife, o aumento dos preços de alimentos e bebidas foi de 2,75%, o menor entre as capitais pesquisadas. Nas cidades do Norte e Nordeste, como Belém, a participação da alimentação no cálculo da inflação é ainda maior, chegando a 26,7%.

VEJA TAMBÉM:

Despesas com transportes têm peso maior no orçamento

Braz ressalta que os gastos com transportes têm grande relevância no orçamento das famílias nos grandes centros urbanos. No Brasil, os transportes representam 20,3% do cálculo do IPCA, o segundo maior peso, atrás apenas de alimentos e bebidas, com 21,8%. Em Brasília, por exemplo, os transportes têm mais peso do que alimentos e bebidas na composição da inflação, representando 22,9% contra 17,1%.

Inflação do grupo transportes nos 12 meses encerrados em agosto (fonte: IBGE)

  • 1.° Belo Horizonte (MG):  8,55% 
  • 2.° Campo Grande (MS):  5,92% 
  • 3.° Belém (PA):  5,86% 
  • 4.° São Luís (MA):  5,48% 
  • 5.° São Paulo (SP):  5,2% 
  • 6.° Porto Alegre (RS):  5,19% 
  • 7.° Salvador (BA):  5,12% 
  • 8.° Rio Branco (AC):  4,71% 
  • 9.° Brasília (DF):  4,35% 
  • 10.° Grande Vitória (ES):  4,01% 
  • 11.° Aracaju (SE):  3,34% 
  • 12.° Rio de Janeiro (RJ):  3,11% 
  • 13.° Fortaleza (CE):  3,01% 
  • 14.° Goiânia (GO):  2,24% 
  • 15.° Recife (PE):  2,03% 
  • 16.° Curitiba (PR):  1,21% 

Os combustíveis para veículos também foram responsáveis pela alta inflacionária em todas as capitais, com um aumento de 8,8% no período. O etanol subiu 10,1% e a gasolina, 8,7%. Dois fatores principais explicam essa alta: mudanças na cobrança de tributos sobre combustíveis e pressões no cenário geopolítico, como a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio.

Pontos de atenção para os próximos meses

A Suno Research destaca alguns fatores que podem afetar a inflação nos próximos meses. Um deles é a pressão sobre os preços de bens industriais, decorrente da desvalorização do real.

Outro ponto de preocupação são os preços da energia, que devem subir devido à adoção da bandeira vermelha 2 nas contas de luz, em meio à piora da situação hídrica dos reservatórios. O governo federal pressiona a Aneel para que use o saldo da conta de bandeiras tarifárias para evitar aumentos.

O preço dos alimentos também preocupa, especialmente as carnes, que podem subir devido às queimadas no Sudeste e Centro-Oeste. Após seis meses consecutivos de queda, eles voltaram a subir em agosto. Outro item que pode ser afetado momentaneamente são os hortifrutigranjeiros.

Além disso, a economia brasileira apresentou um crescimento de 2,5% em 12 meses até junho, com projeções de 3% para 2024, o que, embora positivo, pode gerar novas pressões inflacionárias, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno.

Expectativas para a inflação

A mediana das expectativas para a inflação para 2024 estão em 4,37%, próximo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%). Para 2025, a previsão é de 3,97% e, para 2026, de 3,60%. Isso reflete preocupações sobre a eficácia do controle inflacionário, com possíveis impactos nas futuras decisões do Banco Central, avalia Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

+ Na Gazeta

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.