A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,56% em outubro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, a inflação acumulada no ano alcança 3,88%, enquanto nos últimos 12 meses encerrados em outubro a alta chegou a 4,76% — o maior índice em 11 meses e acima do teto da meta de 4,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O índice superou as expectativas de mercado. De acordo com o boletim Focus divulgado no início da semana, a previsão era de uma alta de 0,52%. “Há sinais claros de piora nas leituras mais recentes. Além disso, as expectativas para a inflação futura continuam sendo um dos principais desafios”, afirma Igor Cadihac, economista do PicPay.
Em outubro, a habitação liderou os aumentos, com alta de 1,49%, seguida pela alimentação, que subiu 1,06%. A elevação nos preços da habitação foi impulsionada pela conta de luz, que ficou 4,76% mais cara. “Em outubro, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos, enquanto em setembro estava em vigor a bandeira vermelha patamar 1, com acréscimo de aproximadamente R$ 4,46”, explica André Almeida, gerente de pesquisa de preços do IBGE.
No setor de alimentação, o aumento das carnes foi destaque, com uma alta média de 5,81%. Entre os cortes com maior aumento estão o acém, a costela, o contrafilé e a alcatra. “O aumento dos preços das carnes se deve à menor oferta, causada pelo clima seco e pela redução no abate de animais, além do aumento das exportações”, justifica Almeida. Essa foi a maior variação mensal das carnes desde novembro de 2020, quando foi de 6,54%.
A divulgação do IPCA causou impacto imediato no mercado, elevando o dólar e os juros futuros. Por volta das 9h30, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu de 13,015% — valor de fechamento da quinta-feira anterior — para 13,065%. O DI para 2027 também registrou alta, passando de 13,04% para 13,13%.
No mesmo horário, o dólar era negociado com valorização de 1,32%, cotado a R$ 5,57501. Além da inflação, a alta do dólar foi influenciada pelos desdobramentos da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e pelas incertezas sobre a economia chinesa. O mercado também aguarda as medidas de controle de gastos a serem anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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