Custo com energia elétrica, que compõe o grupo Habitação, aumentou 17% em 2014| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Mês de reajustes

Ministro da Fazenda prevê IPCA mais alto no início deste ano

Após o anúncio oficial do índice de inflação, praticamente no limite da meta de 6,5%, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, previu um início de 2015 com o IPCA mais alto por causa dos reajustes de preços em setores como educação e transportes. Em bate-papo com internautas do Facebook, ontem, Levy disse que o governo pode ajudar a trazer a inflação para níveis mais confortáveis se reduzir os gastos públicos e reforçou o cenário traçado pelo Banco Central de que a inflação fechará 2015 abaixo do teto, mas só convergirá para o centro da meta (fixado em 4,5%) no fim de 2016.

"Para a gente segurar a inflação é preciso que o governo não gaste demais. Se a gente fizer isso agora, vamos poder ter a inflação caindo no ano que vem", disse.

Apesar do tom informal, Levy reforçou o discurso de ajuste fiscal e redução de subsídios do governo ao afirmar que é preciso gastar menos que arrecada e que empréstimo barato, subsidiado pelo governo, só em situações especiais. "Empréstimo barato também é pago pelo contribuinte", disse. "Tudo que o governo dá, é pago pelo contribuinte. Então, a gente tem que ter muito cuidado em como usa o dinheiro, para garantir que as pessoas certas, às quais a lei dá o direito, sejam as que receberão os benefícios que precisam". Entre as medidas de ajuste já anunciadas, o governo elevou as taxas de juros das linhas de financiamento do BNDES que contam com subsídio do Tesouro Nacional.

Impostos

Levy também deu sinais de que haverá elevação de tributos em um segundo momento do ajuste fiscal. "A gente provavelmente terá que pensar em rebalancear alguns impostos, até porque alguns foram reduzidos há algum tempo. E essa receita está fazendo falta. Mas, se houver alguma mudança, vai ser com cuidado e depois de a gente esgotar outras possibilidades". O ministro evitou responder quais impostos podem ser elevados.

CARREGANDO :)

Após seis meses flertando com o estouro do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%, a inflação acumulada em 12 meses finalmente arrefeceu e encerrou 2014 dentro do limite de tolerância, aos 6,41%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas os preços continuam pressionados. No último mês do ano, as passagens aéreas dispararam, com alta de 42,53%, principal contribuição para a taxa de 0,78% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro. Os aumentos nas carnes e na refeição fora de casa também ajudaram a impulsionar a inflação. Juntos, os três itens responderam por quase metade do IPCA do mês.

INFOGRÁFICO: Veja como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 2014

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"A tendência é que a inflação ainda fique bastante pressionada nos próximos meses pelos alimentos, por uma questão sazonal de pressão do clima, e pelas revisões tarifárias, como reajustes nos transportes públicos. O IPCA volta a superar o teto da meta em janeiro. Essa nova equipe econômica não vai ter alívio tão cedo", apontou o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores.

Em janeiro, o IPCA deve disparar a 7,11% no acumulado em 12 meses, diante de uma inflação de 1,22% no mês, prevê a Tendências Consultoria Integrada. "A aceleração do indicador deve refletir o intenso avanço do grupo Habitação, que irá captar a alta de 8,8% esperada para o item energia elétrica", citou Adriana Molinari, da Tendências, cuja projeção contempla ainda impactos dos reajustes de ônibus urbano.

O IBGE confirma que os aumentos em produtos e serviços administrados devem fazer a inflação começar 2015 já pressionada. Itens com peso relevante no orçamento das famílias já tiveram os preços reajustados. "Nesse primeiro mês do ano, vários itens administrados já sofreram aumentos: a taxa de água e esgoto, transportes, energia elétrica, ônibus urbano de regiões importantes. Então, nesse mês de janeiro, o brasileiro vai pagar mais caro por vários itens de consumo", ressaltou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IBGE.

A inflação absorverá também aumentos já efetivados de ônibus intermunicipal, táxi e cigarros. No caso da conta de luz, além dos reajustes concedidos, entrou em vigor o sistema de bandeiras tarifárias, que repassa ao consumidor o aumento nos custos de geração.

Influência da seca

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A estiagem prolongada que em 2014 afetou, sobretudo, a Região Sudeste do país, teve forte influência sobre a inflação oficial. Houve impactos relevantes nos alimentos e na tarifa de energia elétrica.

As carnes, que tiveram as pastagens afetadas pela estiagem, subiram 22,21% em 2014. Já a tarifa de energia aumentou 17,06%. Os itens puxaram os gastos com alimentação e habitação, despesas que mais pesaram no bolso dos consumidores.

Cesta básica

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