A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro com alta de 0,08%, ante uma variação de 0,44% em agosto, informou na manhã desta sexta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa é a menor desde julho de 2014. O IPCA de setembro também é o mais baixo para o mês desde 1998. A taxa acumulada no ano foi de 5,51%. Em 12 meses, o resultado ficou em 8,48%, ainda muito acima do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%. Mesmo assim, o número baixo de setembro abre espaço para que o Banco Central comece a reduzir a taxa básica de juros ainda neste ano.
Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que define a taxa de juros, deixou em aberto o momento no qual vai começar a redução. Os membros do Copom deixaram claro que iam esperar números melhores da inflação corrente, muito influenciada pela oscilação dos preços dos alimentos, uma melhora nas expectativas de inflação e a reforma que reduza o déficit público.
Aos poucos, o cenário está ficando mais claro. A inflação corrente cedeu em setembro, como mostram os dados desta sexta-feira. A projeção do próprio BC é que a inflação chegue à meta de 4,5% no fim de 2017 se mantidas as condições atuais de câmbio e juros, o que pode levar as expectativas, hoje acima de 5%, para mais perto da meta. Por fim, o governo parece muito perto de aprovar na Câmara a PEC do teto de gastos, o que melhora a projeção para as contas públicas. Com isso, muita gente no mercado passou a apostar que os juros, hoje em 14,25% ao ano, caem já em outubro.
A dissipação do choque de alimentos e a gradual descompressão da inflação de serviços podem ajudar a melhorar os riscos sobre o índice de preços e “dar conforto o suficiente para o banco central começar a cortar gradualmente” os juros, afirmou o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, em relatório na manhã desta sexta-feira. O banco espera um corte de 0,25 ponto percentual na Selic (taxa de juros de referência no Brasil) — que está em 14,25% ao ano desde julho de 2015 — no encontro deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 18 e 19, seguido por outra redução, de 0,5 ponto percentual, em novembro.
Por sua vez, Celson Plácido, economista da XP Investimentos, destaca que o IPCA surpreendeu e destaca que o Banco Central já tinha fundamentos para considerar a redução da Selic. “Com o dado de hoje, o Banco Central se encontra em uma posição ainda mais favorável que anteriormente — frisa. — Isso ocorre pois o mercado já precificou um corte de juros na próxima reunião do Copom, mas segue sem consenso de quanto será este corte, se será de 0,25% ou de 0,50%.”
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