A inflação medida pelo IPCA, índice oficial do país, caiu pela metade em março, com a baixa do preço da energia elétrica no mês, resultado da mudança da bandeira tarifária da conta de luz de vermelha para amarela. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE, o IPCA foi de 0,43% no mês passado, abaixo do índice apurado em fevereiro desde ano (0,9%) e do mesmo mês do ano passado (1,32%).
Com a desaceleração no mês, o índice acumulado nos últimos 12 meses voltou a ficar na casa de um dígito: 9,39%. Isso não acontecia desde outubro do ano passado, quando estava em 9,93%, segundo os dados do IBGE. Trata-se do menor índice para o mês de março desde 2012 (0,21%).
Mesmo com a melhora, a inflação permanece muito acima do teto da meta do governo para este ano, de 6,5% -o centro da meta é 4,5%, com uma margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Os economistas têm revisado para baixo, a cada semana, suas projeções para o índice neste ano. Pelo boletim Focus, do Banco Central, os analistas preveem o IPCA a 7,28% ao fim deste ano e de 6% ao fim de 2017.
Em Curitiba, o IPCA em março ficou levemente acima do nacional: foi de 0,57%, o que manteve a inflação em 12 meses em 10,48%, a segunda maior do país. Na cidade, houve um peso elevado ainda da inflação de alimentos e bebidas (1,61%) e de aparelhos eletrônicos (2,91%),que ainda refletem a alta na cotação do dólar.
Alimentos
A inflação de alimentação e bebidas foi uma das surpresas no resultado do mês, ao acelerar na passagem de fevereiro (1,06%) para março (1,24%), segundo a pesquisa do IBGE. Economistas esperavam queda. Os alimentos responderam assim por 74% da alta da inflação em março, com impacto de 0,32 ponto percentual no índice.
Dentro dos alimentos, as frutas foram as que mais contribuíram para a alta dos preços no mês. Outros itens com aumentos expressivos foram cenoura (14,52%), açaí (13,64%) e alho (5,70%).
A principal contribuição para a desaceleração da inflação veio da conta de luz, que teve deflação de 3,41%. O motivo foi a mudança da bandeira tarifária da conta de luz, que passou de vermelha e para amarela. Sozinho, o item energia elétrica ajudou a reduzir em 0,13 ponto percentual a inflação no mês.
No ano passado, o aumento da tarifa da energia foi uma das vilãs da inflação. Agora, com a bandeira amarela, a cobrança extra na conta caiu de R$ 3 para R$ 1,50 por cada 100 kilowatts-hora consumidos. “A energia deu um alívio no mês, mas ela não devolveu tudo que pegou para ela. O patamar de preços está alto e, por isso, é preciso ter cuidado. Ela continua custando muito no bolso do consumidor”, disse Eulina Nunes, técnica do IBGE.
Segundo o IBGE, as contas ficaram mais baratas também por causa da redução no valor das alíquotas de PIS/COFINS ocorrida na maioria das regiões pesquisadas.
Com isso, a deflação inflação do grupo habitação (que inclui energia elétrica) passou de 0,02% em fevereiro para 0,10% em março. Foi responsável por um impacto de 0,10 ponto percentual na inflação geral do mês passado.
Além da energia elétrica, o grupo de habitação foi ajudado pela taxa de água e esgoto, que teve deflação de 0,43% em março, influenciada pela região metropolitana de São Paulo (2,99%).
Segundo o IBGE, essa queda foi fruto da aplicação do fator de 0,78 à média de consumo para fins do cálculo do bônus tarifário concedido por meio do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água.
Outra contribuição veio da inflação do grupo educação, que tinha avançado 5,90% em fevereiro e recuou para 0,63% em março. Escolas e faculdades tem reajuste de mensalidades concentradas em fevereiro.