A inflação começou 2013 pressionada, mas o pico no aumento de preços ainda está por vir, alerta o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Guilherme Pereira Perfeito. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia do IPCA "cheio", alcançou 0,88% em janeiro, levando a taxa acumulada em 12 meses para 6,02%. O teto da meta perseguida pelo Banco Central de 6,5%.
Segundo Perfeito, a decisão do governo de adiar aumentos de transportes deve fazer com que a taxa acumulada do IPCA supere os 6,20% por volta de maio ou junho, após os reajustes nas tarifas de ônibus, metrô e trem.
Na avaliação do economista, o melhor teria sido deixar que o IPCA aumentasse logo no primeiro trimestre, sem intervenções, para depois arrefecer ao longo do ano. "Esse tipo de intervenção só piora, porque gera desconfiança", explicou Perfeito.
"Deixa como está"
O economista defende que não haja alterações na condução da política monetária, sem mudança no patamar da taxa de juros, sob pena de prejudicar as expectativas. "Acho que a estratégia adequada é não fazer nada", disse ele. "O Banco Central não tem muito o que fazer. Deixa como está, e a queda na inflação mais para frente vai coordenar as expectativas. Tem de ter sangue frio agora", acrescentou.
Quanto à avaliação de alguns economistas de que o cenário no país hoje seria de estagflação, com crescimento baixo aliado à inflação em alta, Perfeito afirma que há exagero. Ele cita a dinâmica favorável do consumo das famílias e do governo, além da tendência de melhora nos investimentos.
"Estamos com uma demanda agregada num patamar forte. Estagflação é quando você tem um tal descontrole da política econômica que os incentivos que o governo dá se traduzem em inflação, e não em aumento da atividade. Passamos por um momento muito difícil que tende a melhorar. É exagerado demais falar em estagflação", avalia.