A inflação oficial no país mais que dobrou na passagem de agosto para setembro, diante do aumento das despesas com alimentos e passagens aéreas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou de 0,25% a 0,57%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada em 12 meses disparou para 6,75%, a mais alta desde outubro de 2011.
INFOGRÁFICO: Confira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) dos últimos 12 meses
O resultado do IPCA veio acima da expectativa do mercado financeiro. Analistas alertam que a inflação rodando muito além da meta estipulada pelo governo (de 4,5%, com dois pontos de tolerância para cima e para baixo) pode restringir o espaço para o reajuste de preços monitorados represados, como o da gasolina
"Havia certa ideia de que a inflação ficaria no ano mais para 6% do que para 6,5%. Agora, o IPCA fecha 2014 em 6,49%. Fica apertado para um reajuste da gasolina. Corre o risco de a Petrobras pagar a conta de novo", calculou o economista especialista em inflação Luiz Roberto Cunha, decano da PUC-Rio. O preço da gasolina no Brasil está 19,8% abaixo do praticado no mercado internacional, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Em setembro, os combustíveis ficaram 0,05% mais baratos. Por outro lado, aumentaram os gastos com passagens aéreas, automóveis novos e conserto de automóveis. As tarifas de energia elétrica, empregado doméstico e o gás de botijão também subiram.
Alimentos
Após três meses consecutivos de queda nos preços, os alimentos voltaram a pesar no bolso das famílias, sendo responsáveis por um terço da inflação do mês. O período de entressafra encareceu itens importantes da cesta básica, como as carnes.
"Os pecuaristas argumentam que os pastos ainda estão secos por conta da estiagem do início do ano. Outro fator é a exportação. O Brasil é o principal exportador de carne, e a arroba do boi vem subindo desde o início do ano", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.