A ausência de impostos e taxas de administração é o grande chamariz da poupança. Entretanto, o rendimento médio de apenas 0,57% em janeiro pode desanimar grande parte dos aplicadores. Num cenário de inflação e juros altos, os fundos de investimento ficam mais atraentes. Desde o início do ano, eles tiveram uma captação líquida (aplicações menos saques) de mais de R$ 33 bilhões.
No Brasil, um fundo tem organização jurídica na forma de um clube de investidores e deve ter registro de CNPJ na Receita Federal, com fiscalização aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Tanto pessoas físicas como jurídicas, chamadas de investidores qualificados, podem participar.
Ao investidor de primeira viagem nesse tipo de aplicação, o professor de economia Lucas Dezordi, da Universidade Positivo, indica os fundos de renda fixa. Que incluem, entre outros papéis, títulos públicos como as Notas do Tesouro Nacional, série B (NTN-B) e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Os títulos NTN-B têm rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. As LTFs, explica Dezordi, são títulos pós-fixados, cuja remuneração é dada basicamente pela variação da taxa básica de juros, a Selic, diz. As LFTs pagam a taxa básica diária registrada entre a data de liquidação da compra e a data de vencimento do título, acrescida de ágio ou deságio de acordo com a demanda pelo fundo. Menos procura implica menor rendimento e vice-versa.
Conta própria
A aplicação em títulos públicos pode ser feita diretamente pelo investidor, sem o intermédio dos fundos de investimento, pelo site www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/. No entanto, é preciso recorrer a um banco ou uma corretora, responsáveis pela custódia dos títulos, que vão fornecer uma senha para a operação de compra e venda dos títulos. Geralmente, eles cobram alguma taxa pela custódia. Com R$ 100 já é possível iniciar uma aplicação, que pode ser de curto, médio ou longo prazo. É possível resgatar os títulos antes do vencimento pelo seu valor de mercado.
Ações em baixa
Num cenário de juro em alta, os fundos baseados em ações perdem apelo, segundo a professora de Economia Ana Paula Cherobim, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Como o mercado está instável, os investidores estão fugindo delas", explica. Ana Paula ainda defende a poupança, por ser uma aplicação simples e sem despesas com impostos ou taxas. E sugere calma a quem quer sair da poupança e investir em fundos. "A pessoa deve preferir um investimento conservador, como um fundo de renda fixa", diz.