O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se reúne hoje e amanhã, deve baixar a taxa básica de juros (Selic) pela 11.ª reunião seguida. A maioria dos analistas acredita que o comitê vai cortar a taxa em 0,5 ponto porcentual, reduzindo-a dos atuais 14,25% para 13,75% ao ano. Com isso, a queda acumulada da Selic desde o início dos cortes, em setembro do ano passado, chegaria a 6 pontos porcentuais.

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"Não devemos nos deparar com grandes surpresas no Copom desta semana. Os dados tanto da economia mundial quanto brasileira apontam para a manutenção do ritmo da flexibilização monetária", disse a consultoria Rosenberg & Associados em relatório divulgado ontem, para justificar sua opinião de que o comitê deve seguir cortando os juros em 0,5 ponto, como fez nos três últimos encontros.

Nenhum economista se diz contrário à redução, mas o consenso é que, por ter promovido cortes muito discretos ao longo dos últimos 12 meses, o Copom acabou por impedir um maior crescimento econômico. A avaliação do mercado é que, na reunião deste mês, a redução da taxa poderia ser de 0,75 ou até 1 ponto porcentual, sem que isso provocasse um avanço da inflação. No entanto, poucos acreditam que o comitê tome essa decisão.

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"A inflação está sob controle e, além disso, a atividade econômica do país segue abaixo do que seria desejável", diz Thiago Davino, economista sênior da Uptrend Consultoria Econômica. "Como economista, penso que esses dois fatores permitiriam um corte de 0,75 ponto, ou mesmo de 1 ponto porcentual. Mas o Copom não costuma agir assim, já que em sua última reunião [no fim de agosto], o cenário era exatamente o mesmo e o corte foi de apenas 0,5 ponto."

No início de 2006, a consultoria apostava que a Selic chegaria a dezembro em 14% ao ano. Agora, a expectativa é de 13,25% – depois da reunião de amanhã, o comitê vai se encontrar pela última vez no ano no início de dezembro e, para Davino, tende a promover nova queda de 0,5 ponto.

"Em janeiro, esperávamos que o processo de corte dos juros tivesse um reflexo mais forte, impulsionando a economia. Isso forçaria o Banco Central a ser mais cauteloso na redução da Selic, para evitar a inflação. Mas a economia não reagiu como se esperava", diz o economista. Ele prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer 2,8% em 2006 – no início do ano, a expectativa era de um avanço de 3,8%. O Banco Central, mais otimista, ainda aposta em 3,5% de crescimento.

Guilherme Benchimol, da XP Investimentos, também acha pouco provável que os juros caiam em ritmo mais forte do que nas últimas reuniões. Mas cita um fator que pode motivar o Banco Central a ser mais generoso desta vez: a proximidade das eleições. "Apesar de o Banco Central ser considerado independente, ele pode ser usado politicamente", diz Benchimol.

Outro analista, que pediu para não ser identificado, também acredita em influência do governo federal sobre as decisões do Copom. Mas avalia que, no momento, o presidente Lula não estaria precisando dessa "ajuda": "Se o Lula não estivesse liderando as pesquisas, eu até acreditaria em uma queda de 0,75 ponto. Mas o Lula está na frente, então o Banco Central não será tão agressivo", disse. Segundo ele, se a instituição surpreender e for mais ousada que o habitual, as cotações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) devem disparar na quinta-feira, no primeiro pregão após a reunião.

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Entre os analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, o único que cravou sua aposta em queda de 0,75 ponto porcentual foi Rogério Garrido, da Omar Camargo Corretora. "Acho que o Copom vai levar em conta que a inflação deu sintomas de queda bem acentuada."