A pesquisa do IBGE que acompanhou a evolução do emprego em julho comprovou a corrosão do rendimento dos brasileiros. Os dados mostraram que o poder de compra dos trabalhadores já considerada a inflação caiu 0,9% na passagem de junho para julho, contabilizando a quinta retração consecutiva. O rendimento médio caiu para R$ 1.848,40.
Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azevedo, a correção salarial não tem conseguido compensar as perdas impostas pelos números de inflação mais salgados este ano.
A maior queda no rendimento foi registrada entre os trabalhadores por conta própria, que amargaram retração de 1,9%. Os trabalhadores com carteira assinada tiveram alta de 0,1% na renda, enquanto os sem carteira assinada contabilizaram elevação de 0,5% no período.
Desemprego
A taxa de desemprego teve seu primeiro recuo no ano, passando de 6% em junho para 5,6% em julho. A desocupação subiu um pouco em relação ao mesmo período do ano passado (quando estava em 5,4%), mas, ainda assim, ficou abaixo da esperada por boa parte dos analistas o mercado apostava em algo próximo de 5,8%.
"Ao contrário dos números divulgados ontem [anteontem] sobre a criação de empregos no mercado formal, os dados do IBGE imprimiram um crescimento de 1,7% no emprego em relação a julho de 2012 e 0,7% em relação a junho de 2013", disse o sócio-diretor da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman, ao comparar os dados do IBGE com os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Conforme as estatísticas do Caged, foram criados em julho apenas 41.463 postos de trabalho, o menor nível dos últimos dez anos. Os dados do IBGE, afirmou Schwartsman, sugerem que o mercado de trabalho "está mais forte do que a maioria dos analistas parecia acreditar". Em outras palavras, segundo ele, apesar do fraco desempenho do emprego formal, há um quadro de estabilidade.
Aumento real foi o mais baixo desde 2009
Agência O Globo
A alta da inflação e o fraco desempenho da economia nos primeiros seis meses do ano limitaram os reajustes salariais reais (acima da inflação) negociados no primeiro semestre. Na média de 328 negociações monitoradas pelo Dieese, o aumento real médio caiu de 2,26% no primeiro semestre de 2012 para 1,19% neste ano o índice mais baixo desde 2009.
O levantamento mostra que 84,5% dos acordos salariais avaliados tiveram aumentos acima da inflação, ante 96,3% no mesmo período de 2012. Neste ano, portanto, cresceu o número de reajustes iguais ou até mesmo inferiores à inflação.
Para este segundo semestre, que concentra as negociações de categorias de ponta como bancários, metalúrgicos e petroleiros, o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre, acredita que haverá espaço para reajustes mais robustos.