O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,60% em fevereiro, o que representou uma desaceleração em relação a janeiro (0,86%). Apesar disso, o indicador, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima das expectativas do mercado, que esperava uma inflação de 0,49%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice subiu de 6,15% em janeiro para 6,31% em fevereiro o maior valor desde dezembro de 2011 (6,50%). O comportamento da inflação em fevereiro reforçou a aposta, entre os analistas de mercado, de uma alta da taxa de juros pelo Banco Central.
Escolas e energia
A inflação de fevereiro foi impulsionada pela educação (5,4%), alimentos e bebidas (1,45%) e transportes (0,81%). Em compensação, a queda no preço da energia elétrica teve reflexo no item habitação, que recuou 2,38% no mês. Foi o único grupo que apresentou deflação e responsável por diminuir o IPCA em 0,35 ponto percentual.
Segundo Irene Maria Machado, gerente de pesquisa do IBGE, os alimentos como tomate, feijão, cenoura e cebola desaceleraram em relação a janeiro, mas seguiram pressionados, devido a problemas climáticos. Os alimentos representaram 58% do IPCA de fevereiro, de acordo com Irene. "No caso da Educação, a alta era esperada, porque o início do ano letivo é tradicionalmente uma época de reajustes", diz.
O setor de transporte, por sua vez, sofreu o impacto do aumento dos preços da gasolina e do diesel. O segundo reajuste do diesel, de 5%, anunciado pela Petrobras na última semana, deve aparecer na inflação de março.
Para Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, nesse ritmo, a inflação deve ultrapassar o teto da meta, de 6,50%, no acumulado de 12 meses entre março e junho. "Isso corrobora nosso cenário de alta da taxa de juros Selic já na próxima reunião do Comitê de política Monetária (Copom) de abril, em 0,25 ponto porcentual. Esse dado do IPCA é uma visível bandeira branca para o início do aperto monetário", diz.