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Inflação irá cair mesmo com alta do dólar, afirma diretor do BC

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou, na manhã desta quinta-feira (7), que mesmo que ocorra uma alta do dólar nos próximos meses a tendência é que a inflação recue, "convergindo em direção à meta" até 2016.O diretor explicou que no último relatório de inflação do banco, um dos cenários apresentados é de câmbio a R$ 2,39 até o final deste ano e de R$ 2,45 ao final do ano que vem. Nestas circunstâncias, disse ele, a inflação deve chegar a 5% no segundo trimestre de 2016, próximo à meta estabelecida de 4,5%.

"O que que eu quero dizer com isso é que em um dos cenários com o qual trabalhamos para fazer projeção de inflação está contemplada alguma depreciação cambial e ainda assim nós teríamos um recuo da projeção ao longo do tempo", disse o executivo durante apresentação do Boletim Regional do BC, na sede da autoridade monetária, no centro do Rio.

A inflação de 12 meses até junho deste ano foi de 6,52%, o que rompeu o teto da meta para o ano, de 6,5%. A meta do governo é de 4,5%, com dois pontos percentuais de variação para mais ou para menos. Somente para o mês de junho, a inflação oficial ficou em 0,40%, queda em relação ao mês anterior. Na próxima sexta-feira (8), o IBGE divulga o IPCA, índice oficial de inflação, de julho.

O executivo afirmou que a desvalorização da moeda brasileira sempre traz algum impacto para inflação, mas que isso não seria motivo para "uma preocupação adicional"."É importante destacar que a depreciação cambial certamente tem impacto sobre a inflação. Isso é um processo que já vem ocorrendo no Brasil há algum tempo. Se esse processo vai ter continuidade ao longo do tempo, é provável que sim, mas não seria motivo para nenhuma preocupação adicional".Em geral, a depreciação da moeda brasileira contribui para o aumento da inflação porque os preços em dólar aumentam. Dessa forma, sobem também preços de produtos e máquinas da cadeia produtiva brasileira.

Alimentos

Para o diretor, ainda que a pressão sobre os preços dos alimentos tenha arrefecido no primeiro trimestre deste ano, a inflação continua elevada, mas com viés de queda ao longo do ano.

"Nós temos uma dinâmica da inflação mensal declinante desde março. Os números estão indicando que de fato a inflação ao consumidor tem mostrado uma trajetória bem mais favorável nos últimos meses".

O diretor chamou atenção para o recuou da inflação principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde os alimentos têm peso maior na chamada "cesta de consumo" da população."A inflação ao consumidor recuou, mas em 12 meses permaneceu elevada. É importante chamar atenção para o recuo significativo da inflação do Nordeste e do Norte e eu atribuo isso em boa parte ao arrefecimento da inflação de alimentos que tem um peso significativo na cesta de consumo dessas duas regiões", disse.

Exportações

Para o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o câmbio não deve ser um fator de impulso às exportações.Em sua análise, Castro considera que as ações do governo e do BC em relação ao câmbio têm por objetivo o controle da inflação e as vendas externas devem voltar a crescer baseadas em aumento na produtividade e na competitividade.

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