Vendida a R$ 67,40 em julho de 1994 na capital paulista, a cesta básica hoje sai por R$ 227,36. Há 15 anos, consumir 6 quilos (kg) de pão por mês custava R$ 2,02 no Rio de Janeiro. Atualmente, a mesma quantidade sai por R$ 6,17. De R$ 0,43 também em julho de 1994, a cesta mensal de 12 kg de tomate saltou para R$ 2,43 em Recife. A moeda que nasceu para estabilizar a economia também sente o peso de inflação.
Desde o lançamento do real até esta quarta-feira (1º), quando o plano econômico completa 15 anos, a inflação acumulada é de 244,86%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. Pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta nos preços foi ainda maior: 306,4%.
Longe de representar hiperinflação, quando os índices chegaram a atingir 80% ao mês até superarem os 1000% anuais no início da década de 90, a inflação acumulada nos últimos 15 anos é muito mais reflexo de oscilações momentâneas do que resultado da perda de poder de compra do dinheiro. Isso porque as perdas ao longo dos anos foram, na maioria das vezes, compensadas com aumento nos salários.
Essas reposições beneficiaram as classes mais baixas. O salário mínimo, que era de R$ 196,63 em julho de 2004, hoje está em R$ 465. Para 2010, o governo propõe, no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o valor de R$ 506,50. Em termos reais, mesmo descontada a inflação, o mínimo dobrou de valor nos últimos 15 anos, afirma o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.
Diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio afirma que salvo em momentos de crise aguda e desemprego elevado, como em 1999 e 2003, os trabalhadores têm conseguido repor as perdas com a inflação ao longo do Plano Real. Nos últimos anos, com o crescimento da economia, as negociações salariais foram ainda mais favoráveis, destaca.
Coordenadora institucional do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, Maria do Céu Kupidlowski diz que, apesar de alguns momentos de disparada, os preços dos gêneros de primeira necessidade estão relativamente constantes nos últimos 15 anos: Os alimentos, por exemplo, estão mais ou menos estabilizados desde o Plano Real. O abastecimento está garantido e não é mais preciso estocar comida.
As estatísticas mostram que a inflação para os alimentos está abaixo da média. De acordo com o IPCA, os preços do grupo alimentação subiram 197,57% desde julho de 1994. No caso do IGP-M, a alta foi de 173%.
Segundo a coordenadora do Movimento das Donas de Casa, o maior vilão do Plano Real foram os preços administrados, como tarifas de telefones e de energia, que agravam a inadimplência. As tarifas públicas oneraram demais o consumidor após as privatizações. Hoje todo mundo tem telefone, mas poucos pagam em dia.
De acordo com o IPCA, os preços administrados subiram acima da inflação média ao longo do Plano Real. No grupo comunicação, o reajuste acumulado em 15 anos é de 679,18%, o que representa preços quase oito vezes mais altos. O preço dos combustíveis domésticos, como gás de cozinha, saltou 695,95%.
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