A inflação persistente é um dos principais riscos que pairam sobre a economia brasileira, aponta a seguradora internacional de crédito Coface. As projeções do relatório Focus, do Banco Central, sinalizam para uma alta de 5,5% nos preços neste ano, mas a instituição trabalha com a expectativa de 6%, novamente acima da meta.
A expectativa é de que haja uma normalização dos preços das commodities energéticas após o inverno no Hemisfério Norte. As commodities metálicas podem ser impactadas pelo avanço da economia chinesa. O país está dando estímulos à atividade econômica e, com isso, o preço do minério de ferro já aumentou quase 20% desde o início do ano.
Segundo a economista Patrícia Krause, há preocupações em relação à situação das matérias-primas agrícolas por causa dos efeitos do La Niña, que causaram perdas no Centro-sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai e por parte das tensões entre Rússia e Ucrânia, importantes produtores de grãos. A Rússia também é importante fornecedor de insumos para fertilizantes.
O principal impacto da alta da inflação no Brasil é a necessidade de aumentar os juros para contê-la. A projeção da seguradora é que o atual ciclo de alta encerre entre 12,25% ao ano e 12,5% ao ano. Atualmente, ela está em 10,75%.
A redução das pressões inflacionárias deve acontecer mais para o segundo semestre e vai contar com o desaquecimento da atividade econômica. A projeção da Coface é de que o PIB fique estável neste ano.
“O consumo vai ser afetado pelo mercado de trabalho que vai se recuperar bem devagar. O endividamento das famílias também está em patamares recordes e a renda das famílias está em queda. Pode ter impactos na inadimplência.” Um setor que pode ser afetado com mais força é o da construção civil.
A valorização do real frente ao dólar, que já atinge 7,5% desde o início do ano, segundo o Banco Central (BC), e que poderia ajudar no controle da inflação, pode perder ímpeto nos próximos meses.
“Fomos beneficiados pela redução dos ruídos políticos. O investidor estrangeiro aproveitou, também, que o real estava subvalorizado. Mas ainda persistem as preocupações com o lado fiscal e as eleições tendem a deixar o cenário mais volátil”, diz Patrícia.
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