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Inflação recua, mas continua no teto da meta em 12 meses

Preço dos alimentos consumidos em casa teve queda de 0,51% | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Preço dos alimentos consumidos em casa teve queda de 0,51% (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Contrariando as expectativas do mercado, julho registrou a menor inflação dos últimos quatro anos para o mês. A taxa medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês com alta de 0,01%, contra 0,40% em junho, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, porém, a inflação ficou exatamente no teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%.

Além do efeito pós-Copa sobre o desempenho de serviços – medido principalmente pela queda nos preços de passagens aéreas (-26,8%) e hotéis (-7,6%) –, a deflação dos preços dos alimentos contribuiu para trazer a inflação de volta ao teto da meta.

A variação de preços do grupo passou de -0,11% em junho para -0,15% em julho, com queda de 0,51% nos preços dos alimentos consumidos em casa. Além disso, o custo da alimentação fora do domicílio cresceu em ritmo menor – 0,52% em julho, ante alta de 0,82% em junho.

Apesar do recuo da inflação em julho, não há tendência de declínio permanente do índice até o fim deste ano e começo do próximo, avaliam analistas. Mesmo com a queda no preço de alguns itens, a inflação de serviços, por exemplo, ainda acumula alta de 8,44% em 12 meses, bem acima dos 6,5% do índice nacional. O mesmo ocorre com os alimentos. Embora os preços tenham diminuído por dois meses consecutivos, a inflação acumulada pelo grupo Alimentação e Bebidas em 12 meses ficou em 7,69% em julho.

"A intensa desaceleração da inflação nas últimas semanas foi especialmente influenciada pela devolução de parte das altas de serviços observadas durante a realização da Copa e das quedas de diversos gêneros alimentícios", reforçou a economista Adriana Molinari, da Tendências Consultoria.

Pressão

Na avaliação do professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Alexandre Porsse, os serviços devem continuar pressionando a inflação, pois o crescimento da demanda está ligado ao aumento da renda no país. Além disso, trata-se de uma área menos sensível ao aumento dos juros e com dificuldades para contratar mão de obra. "A falta de trabalhadores pressiona os salários e, consequentemente, o preço dos serviços", afirma.

Para o coordenador do setor de Ciências Econômicas da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, o preço dos alimentos vai dar uma folga para a inflação nos próximos meses e o custo dos serviços, embora mais resistente em alguns pontos, deve se acomodar com o crescimento modesto do mercado de trabalho e ajuste dos salários.

Preços administrados

Com os preços livres mais comportados, a previsão é de aumento dos preços administrados que estão represados pelo governo, como o da gasolina. O aumento da tarifa de energia também deve pressionar o índice, fazendo com que inflação continue mais resistente. "Mesmo com a pressão dos preços administrados, não creio que a inflação ultrapasse o teto da meta neste ano ou no início do próximo, mas também não vejo movimento de recuo para o centro da meta. Deve ficar entre 6% e 6,5%", avalia o professor da UFPR Alexandre Porsse.

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