O salto da inflação registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, que atingiu 0,57%, veio acompanhado de outra má notícia: no mês passado, 61,1% dos itens entre produtos e serviços que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tiveram aumento médio nos preços. Em agosto, o índice de difusão estava em 55% e no IPCA-15, tinha fechado em 56,7%.
"Isso mostra que as pressões inflacionárias são generalizadas e preocupantes e não se trata de um fator pontual e isolado que fez com que o IPCA de setembro atingisse 0,57%", afirma o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, que calculou o indicador de difusão.
Ele observa também que os núcleos da inflação, que são um espécie de indicador de tendência, vieram pressionados em setembro, o que sinaliza um cenário preocupante. Em termos anualizados, a média dos núcleos calculados pelas três metodologias usadas pelo Banco Central ficou no mês passado em 6 72%, ressalta o economista.
Na análise do economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), André Braz, o espalhamento da inflação ocorreu porque o grupo alimentação foi pressionado e ele abrange um número maior de itens.
Mas essa não é a avaliação de Rosa, da SulAmérica Investimentos. Ele observa, por exemplo, que a difusão aumentou em setembro não só por causa do grupo alimentação, mas também porque houve aumento de preços administrados, como a energia elétrica, além da manutenção da inflação de serviços em níveis elevados.
Já para o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Heron do Carmo, a alta do índice de difusão acrescenta pouco à analise do IPCA. "Sempre que a inflação sobe, a tendência é de que ela se espalhe por um número maior de itens", afirma.
Meta
Apesar das divergências em relação à avaliação da difusão da inflação, os três economistas concordam que, depois do resultado de setembro, ficou mais apertado se manter abaixo do teto da meta de 6,5% este ano. Em 12 meses até setembro, o IPCA acumula aumento de 6,75%.
"Como temos muitos preços reprimidos e o governo disse que vai aumentar o combustível, se reajustar, a perspectiva é que estoure a meta. Mas se estourar será por pouco", prevê Heron.
Na opinião de Braz, o cenário para ficar dentro da meta "complicou", levando em conta que a projeção do mercado de inflação de 6,4% não considera o reajuste da gasolina. Mesmo que a alimentação perca fôlego, Rosa acha que os preços administrados e o câmbio vão pressionar.
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