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Preços em alta

Inflação sobe mais que esperado e cola no teto da meta

O principal índice de inflação do Brasil subiu mais que o esperado em outubro, jogando a variação acumulada nos últimos 12 meses para patamar muito próximo ao teto da meta definida pelo governo, mostraram dados divulgados nesta sexta-feira.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é usado com referência para a política de metas de inflação, subiu 0,45 por cento em outubro, interrompendo um ciclo de quatro meses consecutivos de desaceleração, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O avanço foi bem superior ao registrado em setembro, quando o índice subiu 0,26 por cento, e também ficou acima das estimativas de economistas consultados pela Reuters, de 0,40 por cento.

"O número, embora um pouco acima do esperado, não é surpreendente", afirmou Miriam Tavares, diretora de Câmbio da AGK Corretora. "Por conta da crise, os agentes econômicos já vão precificando e repassando preços. Está tendo uma exagero, mas o pessoal acaba repassando", acrescentou.

Nos últimos 12 meses, o IPCA avançou 6,41 por cento, praticamente em cima do teto da meta de inflação, que é de 6,5 por cento.

O governo estabeleceu para os anos de 2008, 2009 e 2010 uma meta de 4,5 por cento, com margem de variação de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. Se o teto for rompido, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, terá que enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicando as razões que levaram ao descumprimento e as medidas que o BC adotará para trazer os preços de volta à trajetória estabelecida.

No ano até outubro, o IPCA acumula uma alta de 5,23 por cento.

Comida mais cara

Depois de dois meses consecutivos de queda, os preços dos alimentos voltaram a subir em outubro. Estes produtos tiveram uma alta de 0,69 por cento, o que fez com que o grupo Alimentação e Bebidas respondesse por 35 por cento de toda a variação do IPCA no período.

Com o resultado de outubro, os produtos alimentícios acumulam alta de 10,04 por cento no ano, acima do registrado em igual período de 2007, destacou o IBGE em comunicado.

Em relatório para clientes, a LCA Consultores afirmou que os alimentos devem seguir pressionando o índice em novembro, mês em que a consultoria estima uma alta de 0,51 por cento para o IPCA.

Fantasma do dólar

A recente valorização do dólar, que subiu mais de 13 por cento em outubro, começa a gerar efeitos sobre os preços aos consumidores, tendência que pode ser reforçada ao longo dos próximos meses, segundo o IBGE.

"Há um leve sensação de impacto do dólar no varejo. Pode ser que nos próximos meses o impacto seja maior", afirmou Eulina Nunes dos Santos, economista do instituto. "Existe uma preocupação com o que já aconteceu no atacado. O salto grande do dólar ainda não foi observado no IPCA", acrescentou.

O avanço mais forte do IPCA em outubro é mais uma evidência de que a inflação no país ainda tem fôlego, apesar da expectativa de redução do ritmo de atividade econômica por conta da crise financeira global.

Na quinta-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a alta do dólar fez com que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) saltasse 1,09 por cento em outubro.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu no mês passado o ciclo de aperto do juro iniciado em abril, mas deixou claro na ata da reunião, divulgada na quinta-feira, que se a inflação se mantiver em patamares elevados, o BC poderá voltar a subir o juro.

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