Para a LCA, produtos como hortaliças e verduras vão subir menos na segunda metade de dezembro e ajudar BC a cumprir a meta| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Na região de Curitiba, índice perdeu força

Curitiba registrou a maior desaceleração da inflação medida pelo IPCA-15 dentre a 11 regiões metropolitanas e capitais pesquisadas pelo IBGE. O índice caiu 0,41 ponto porcentual, saido de 0,63% em novembro para 0,22% em dezembro. O preço dos alimentos, que cresceu 0,60% – menos que nas demais regiões – foi um dos reponsáveis por esse resultado. A queda no preço da gasolina (-0,32%) e desaceleração do etanol (0,36%) também contribuíram.

Na média nacional, houve fortalecimento da taxa de inflação no grupo alimentação e bebidas, que passou de 0,77% para 1,28%, e exerceu impacto de 0,30 ponto porcentual no índice do mês, ou 54% de todo o IPCA-15. Essa classe de despesa foi pressionada pelas carnes, que ficaram 4,36% mais caras, após alta de 1,30% em novembro. Também acelerou a inflação de produtos como cerveja (de 1,98% para 3,27%), feijão carioca (de -1,24% para 2,51%), frango inteiro (de 0,91% para 2,11%), refrigerante (de 0,89% para 1,70%) e pão francês (de -0,06% para 0,89%).

Das nove classes de despesa pesquisadas pelo IBGE, quatro apresentaram aceleração de preços de novembro para dezembro. Além de alimentação (de 0,77% para 1,28%), também subiram mais habitação (de 0,40% para 0,54%); vestuário (de 0,87% para 1,10%); e educação (de 0,03% para 0,04%). As demais apresentaram desaceleração ou deflação nos preços: o grupo artigos de residência passou de 0,08% para 0,05%; transportes, de 0,02% para -0,08%; saúde e cuidados pessoais, de 0,46% para 0,41%; despesas pessoais, de 0,82% para 0,74%; e comunicação, de 0,36% para 0,11%.

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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) – prévia da inflação oficial (o IPCA) – acelerou 0,1 ponto porcentual em dezembro, para 0,56%. Com isso, o índice acumulado em 12 meses atingiu 6,56%, pouco acima do teto da meta (6,5%) de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para que o IPCA "cheio" feche o ano dentro da meta, a inflação deverá frear nesta segunda quinzena de dezembro e fechar o mês em até 0,5% – índice que levaria o indicador ao limite máximo da meta. O IPCA-15 mediu a inflação entre meados de novembro e dezembro; o IPCA cheio vai apurar a variação de preços entre 1.º e 31 de dezembro.

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A maioria dos economistas não crê em cumprimento da meta, que é de 4,5% e tem tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. Se a inflação realmente "estourar o teto", o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deverá redigir uma carta aberta ao ministro da Fazenda justificando as razões para o descumprimento e relacionando que providências tomará.

"Na prática é irrelevante, do ponto de vista da inflação, se o índice ficar 0,1% ou 0,5% acima da meta de inflação. O Brasil teve um ano atípico. A economia estava pressionada, os preços das commodities se recuperaram a houve uma leve valorização do câmbio", diz o economista Breno Pascualote Lemos. "O descumprimento da meta tira um pouco da credibilidade, mas o mercado continua confiante na capacidade do Banco Central de administrar a trajetória da inflação para os próximos anos." Para Lemos, em 2012 o BC conseguirá levar a inflação para o centro da meta (4,5%). "Há um movimento de desaceleração nos setores que mais pressionavam", explica.

Para o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Maurício Nakahodo, a inflação acumulada em 12 meses só vai baixar mais fortemente no começo do segundo trimestre de 2012. "Em março até pode atingir 5,95%, com chance de ainda ficar acima de 6%. Mas em abril já deve perder força", diz.

O economista da LCA Fábio Romão ainda acredita que a inflação pode se limitar a 6,5% neste ano. Segundo ele, vários itens do IPCA cheio devem subir menos que na prévia. Seria o caso das carnes, que respondem por 2,44% de todo o IPCA e subiram 4,36% no IPCA-15, mas devem avançar 3,47% ao fim do mês. Para açúcar e derivados, o índice deve baixar de 0,24% para 0,01% na mesma comparação; hortaliças e verduras, por sua vez, devem desacelerar de 2,13% para 1,72%. "Confirmado este número, isto deve evitar o arredondamento e a necessidade de [Tombini] redigir a carta."

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