O investimento do Brasil em infraestrutura precisa dobrar para atender às necessidades da população e aos requisitos básicos de uma economia competitiva.
Em 2003 eles corresponderam a 1,79% do Produto Interno Bruto (PIB) e neste ano podem chegar a 1,87% do PIB, segundo estimativas da consultoria Inter.B. O ideal, porém, seria algo próximo de 4% ao ano, ao longo de duas décadas, para modernizar o setor.
Essa expansão terá vir principalmente do setor privado. O economista Claudio Frischtak, sócio da Inter.B, descarta a possibilidade de expansão com recursos públicos. Em 2023, os governos das três esferas investiram apenas 0,6% do PIB em infraestrutura, e Frischtak estima que eles poderiam aumentar seus desembolsos na área em algo entre 0,1% e 0,15% do PIB por três ou quatro anos, chegando assim a cerca de 1% do PIB.
Dois fatores dificultam a participação maior do Estado no processo de modernização da infraestrutura do país. Um tem a ver com a falta de dinheiro. As restrições fiscais assumiram uma natureza estrutural, diz o economista da Inter.B. O outro é que a modernização da infraestrutura requer planejamento, correta priorização e capacidade de boa execução, ou seja, uma governança eficiente dos investimentos – algo em falta no Estado brasileiro, e há muito tempo.
Fritschak destaca que há um processo de degradação devido à alocação de recursos direcionada por emendas parlamentares, influenciada pelo paroquialismo, clientelismo e patrimonialismo. "Esse cenário gera desperdício e baixo retorno para a sociedade, não indicando uma reversão no médio prazo. A combinação de restrição fiscal e má alocação de recursos conspira contra a modernização do setor por meio dos investimentos diretos do estado brasileiro", diz.
Mesmo com a previsão de andamento de obras em 2024 devido ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), a consultoria destaca que não há uma mudança estrutural na trajetória dos investimentos em infraestrutura. Eles permanecem estagnados abaixo de 2% do PIB, distantes do esforço necessário para atingir um estoque de capital consistente com uma infraestrutura modernizada, resiliente e inclusiva, que seria de 65% do PIB. Para 2024, o estoque de infraestrutura projetado corresponde a 35,5% do PIB, abaixo dos 38,3% registrados em 2020.
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