• Carregando...
(Foto: Bigstock)
(Foto: Bigstock)| Foto:

Mesmo que todo profissional já tenha sido beneficiado com a amamentação - seja para si (no passado), ou a do seu próprio filho -, no ambiente corporativo o assunto ainda é tratado com menosprezo e surge como uma barreira para as funcionárias que voltam da licença-maternidade. Depois do período de cinco meses de estabilidade garantido por lei, começam as demissões.

De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o percentual de desligamentos no mês de retorno destas funcionárias é de 15% e, chega a 48% até o primeiro aniversário do bebê. Pode parecer um problema isolado entre chefe e empregado, contudo, impacta toda a cadeia econômica, uma vez que mais de 28 milhões de famílias são chefiadas por mulheres, de acordo com dados do IBGE.

Há duas questões relevantes sobre o embate. Uma é que, no Brasil, a licença é focada apenas na mãe, enquanto em outros países já acontece a divisão do período com o parceiro. O outro é que são pouquíssimas as práticas adotadas por empresas para atender estas profissionais. Aos poucos, porém, algumas mudanças vão acontecendo - e principalmente puxadas por modelos implementados por multinacionais. Entre elas, tem se tornado cada vez mais comum a oferta de salas de amamentação, para coleta e armazenamento do leite, opções pelo home-office e licenças especiais.

Viagem acompanhada

Neste ano, a Kimberly-Clark inovou no assunto ao lançar a possibilidade de que as colaboradoras que estão amamentando possam levar seu filho, de até um ano, para viagens a trabalho com um acompanhante. A gigante do ramo de higiene já oferece outros benefícios, como licença estendida em casos de prematuridade e de adoção. A sala de amamentação da companhia, por exemplo, existe no escritório de São Paulo desde 2016 e foi implementada neste ano na unidade de Suzano. Do total de 4 mil funcionários (entre suas fábricas e escritórios), 30% são mulheres.

A especialista em comunicação corporativa Carolina Gancho de Almeida, que foi demitida do seu antigo emprego ao retornar da licença-maternidade, agora viaja com a pequena Júlia quando necessário. “Em fevereiro, tive um evento de uma semana em Foz do Iguaçu, para o qual levei ela e meu marido. Existem políticas, mas também tem a cultura da empresa. Sou avaliada pelo que entrego. Isso faz toda a diferença; me senti acolhida”, conta a funcionária.

Segundo a diretora de Recursos Humanos da Kimberly-Clark, Alessandra Morrison, atualmente 42% dos profissionais que fazem parte dos cargos de diretoria são mulheres e 39% dos cargos de liderança da empresa são ocupados por elas. “Quando implementamos políticas pensando nas mães que têm filhos pequenos e que ainda os amamentam, ela contribui com o compromisso da gestão global da companhia, que é a de trazer a equidade de gênero como parte das metas de negócio”, afirma.

Flexibilização

Outra empresa que está antenada com as tendências lá de fora é a Ocyan, de óleo e gás. A partir deste ano, além da licença de 120 dias e do intervalo diário para amamentação já previstos pela CLT, as funcionárias passam a poder optar por estender sua licença-maternidade por quinze dias adicionais ou seguir com uma jornada reduzida de quatro horas diárias, até que o bebê complete seis meses de idade.

“O objetivo é um retorno gradual e equilibrado às atividades na empresa durante o período de adaptação à nova realidade da profissional. Para as profissionais que trabalham embarcadas em alto-mar, assim que comunicam a empresa sobre a gravidez, elas são direcionadas para trabalhar nas nossas bases de apoio até a saída para a licença-maternidade”, explica o diretor de Planejamento e Pessoas e líder do Programa de Diversidade & Inclusão da Ocyan, Nir Lander.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]