A conversão de motores a diesel para o sistema bicombustível, uma madeira ecológica de alta resistência criada em laboratório, e novas técnicas de geração de bioenergia em propriedades rurais são alguns exemplos de inovações criadas por pesquisadores e empreendedores do Paraná. Eles fazem parte de uma safra bastante produtiva e que fez com que o estado seja um destaque na décima conferência Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) antes mesmo de ela começar. Dos 105 artigos recebidos pela organização para apresentação no evento, que ocorre de 26 a 28 de abril, em Curitiba, 25 são do Paraná.
Apesar de a lista de projetos contar com multinacionais como Renault e Bosch, o assessor da diretoria do Centro Internacional de Inovação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Carlos Sérgio Asinelli, destaca a produção de empresas de médio e pequeno porte, ou mesmo incubadas em laboratórios. "Tivemos uma resposta muito positiva das organizações paranaenses. O volume de casos de inovação enviados superou nossa expectativa", disse.
Madeira plástica
Um exemplo de organização de pequeno porte é a Madeplast. Formada em 2008 e sediada em Curitiba, ela desenvolve uma liga de plástico e madeira, feita com resíduos industriais. O produto tem as características físicas da madeira, mas com a resistência do plástico. Dessa forma, pode ser serrado, parafusado ou pregado sem sofrer infiltrações, apodrecimento e outros efeitos do tempo.
Guilherme Bampi, superintendente da Madeplast, destaca que o composto sairá da fábrica com garantia de 20 anos, com a promessa de custo equivalente ao da madeira. "Nossa matéria-prima precisa ser selecionada, mas é um produto barato", explica. Cerca de 40% do composto é formado de fibras vegetais, como serragem descartada em madeireiras, e o restante é reciclado de compostos plásticos.
A produção da liga hoje ainda é laboratorial, mas a empresa já agendou o início da produção em escala comercial para outubro. A fábrica ficará em um terreno de 30 mil metros quadrados na Zona Franca de Manaus. Dois motivos levaram à escolha do local: a proximidade de fornecedores e o custo baixo de produção, cerca de 40% inferior ao de uma fábrica instalada em Curitiba.
"Nossa ideia não era ir tão longe, mas depois dessa pesquisa concluímos que será lá. Mesmo tendo que viajar quase 5 mil quilômetros, inclusive por balsa, vale muito a pena", afirma. Com isso, ele diz que será possível manter o projeto de lançar o produto no mercado com preço equivalente ao da madeira. "Há uma competição muito forte da China nestes produtos." A capacidade produtiva projetada da fábrica é de 1,5 mil toneladas por mês.
A riqueza de fornecedores de matéria-prima também pesou na escolha. "Como a Zona Franca tem muitas empresas que são basicamente importadores e montadores, descartam muitas embalagens. O governo de Manaus está tentando atrair empresas recicladoras, faz parte da estratégia deles", diz.
Apesar de a fábrica ficar distante, o primeiro showroom da Madeplast será na região de Curitiba. Uma loja de 200 metros quadrados deve ser montada na BR-277, no sentido de Ponta Grossa. Assim como a madeira tradicional, o produto tem uma gama bem variada de aplicações. As oportunidades listadas até agora estão ligadas à construção civil, e à arquitetura ornamental.