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Desenvolvimento

Inovação reforça crescimento

Alzemir Gulin, da Argafácil: produtores de calcário querem conquistar mais espaço nos setores farmacêutico, de alimentos e de meio ambiente | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Alzemir Gulin, da Argafácil: produtores de calcário querem conquistar mais espaço nos setores farmacêutico, de alimentos e de meio ambiente (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Na teoria econômica, aglomerações industriais têm na inovação uma de suas vantagens competitivas. Quando estão próximas, empresas de um mesmo setor tendem a adotar mais rapidamente mudanças tecnológicas e se preocupam mais com o desenvolvimento de novos produtos – afinal, ficam de olho no que os vizinhos estão fazendo. Quando se organizam em um arranjo produtivo, as firmas potencializam esse efeito inovador. Elas passam a buscar soluções que melhoram a competitividade de todas, como uma espécie de onda que ergue todos os barcos de uma vez.

O investimento em pesquisa é um dos pilares para o funcionamento do APL da cal e calcário, na região metropolitana de Curitiba. Formado no fim de 2004, o arranjo já concluiu os projetos que formam o ponto de partida no processo de modernização da produção. Foi formada uma central de informações sobre cal, que reúne teses, livros, monografias e dados sobre mineração. Além disso, as empresas investiram em um programa de informações georreferenciadas que localiza minas, fábricas e produtos no espaço. "Todo esse conhecimento serve para embasar estudos e programas para o setor", conta Fábio Pini, secretário executivo do APL.

Um desses programas é a renovação da matriz energética da indústria. O setor é dependente do fornecimento de serragem para abastecer seus fornos e procura alternativas que sustentem sua expansão no longo prazo. "Estudamos outras fontes e encontramos opções como casca de arroz, capim-elefante, bagaço de cana, aguapé e casca de mamona." O objetivo do APL agora é montar uma indústria de biomassa para recolher e transformar essas outras fontes em combustível.

O APL da cal também tem um projeto para lançar um selo verde, que certifique o cumprimento das regras ambientais pela indústria da região. O método de concessão já foi desenvolvido e só falta o aval do Instituto Ambiental do Paraná. Outro programa na área de meio ambiente é atingir um grau de emissões zero, o que deve envolver o reflorestamento para compensar as emissões de gás carbônico nos fornos.

Em outra frente, o arranjo tenta desenvolver novos produtos e mercados. "Entramos com mais força no setor de siderurgia, que passou de 10% para 50% da nossa demanda", diz Alzemir Gulin, sócio da Argafácil e diretor da associação que representa os produtores de calcário. "Queremos conquistar mais espaço nos setores farmacêutico, de alimentos e de meio ambiente." Entre as pesquisas conduzidas pelo grupo estão um precipitado de carbonato, ideia trazida da China, o desenvolvimento de uma cal mais forte para construção e de produtos melhores para o tratamento de água. O ganho de competitividade é turbinado pela economia que as empresas têm feito com sua central de compra – somente na aquisição de pneus houve redução de 30% nos preços e agora a ideia é comprar diesel mais barato.

Em Paranavaí, o APL dos produtores de derivados de mandioca participam de uma pesquisa patrocinada pela Finep e pelo Sebrae que tem como objetivo de reduzir as doenças virais nas lavouras. "Fizemos um convênio com a Universidade Estadual de Maringá, que teve um laboratório reformado para esse projeto", destaca Ivo Pierin, sócio da fábrica de amido Pódium. Na busca de maior qualidade, o APL montou um laboratório para controlar o amido produzido na região. "No total, já conseguimos quase R$ 4 milhões para investimentos desse tipo", ressalta Claodemir Grolli, secretário do arranjo.

Em Campo Mourão, a inovação é parte do próprio funcionamento do APL. As 22 empresas do arranjo produzem equipamentos médicos e odontológicos, e só se firmaram no mercado porque desenvolveram produtos novos. "Na área de saúde não dá para trabalhar com o mercado local. Precisamos de tecnologia para vender em qualquer lugar", diz Ater Cristófoli, idealizador do APL cuja empresa exporta para 35 países. Entre as inovações que saíram de Campo Mourão estão um reprocessador de filtros de hemodiálise (que tem só três concorrentes no mundo), uma bomba infusora de insulina e um indicador biológico de esterilização.

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