A inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) desacelerou na primeira semana de janeiro, com variação de 0,42%, segundo os dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). No acumulado dos últimos doze meses, no entanto, o índice usado como referência para a maioria dos contratos de locação de imóveis acumula alta de 11,09%. A expectativa no mercado é que a taxa seja repassada integralmente para os contratos com vencimento neste mês, com pouca margem para negociação entre proprietários e inquilinos resultado de um mercado bastante aquecido e de valores defasados.
"O mercado esteve bastante aquecido em 2010 e o começo do ano é, tradicionalmente, um período de mudanças. A procura é muito grande. Por isso, é provável que o inquilino tenha pouca margem para negociar um aumento menor que o IGP-M", diz o presidente do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), Luiz Fernando Gottschilt. A procura maior, segundo o presidente, é por apartamentos de dois quartos.
Além disso, lembra Gottschilt, nesta mesma época, em 2010, o IGP-M registrava uma queda acumulada de 0,26%. "Muitos aluguéis estão sem reajuste há dois anos, com valores defasados em relação ao valor de venda do imóvel", argumenta. O superintendente da Apolar, Jean Michel Galiano, concorda, e diz que ao longo dos últimos anos o preço dos aluguéis não acompanhou a expressiva valorização dos imóveis, que chegou a até 45% em alguns casos. "A locação tem de acompanhar essa alta; do contrário, os proprietários deixam de usar as casas e apartamentos como uma opção de investimento", argumenta. Segundo Galiano, os aluguéis em Curitiba correspondem hoje, em média, a 0,5% do valor de venda do imóvel tradicionalmente o índice fica entre 0,7% e 0,8%. "O inquilino precisa entender que, se não valer a pena, o proprietário pede o imóvel de volta", avisa.
A diretora administrativa do Grupo Gonzaga, Marilia Gonzaga, no entanto, diz que a variação negativa nos últimos anos em 2009 o IGP-M acumulou queda de 1,72% pode servir de argumento agora. "Se o reajuste pelo índice está previsto no contrato, o locador tem todo o direito de aplicar a taxa. Mas quem aceitou não reduzir o valor do aluguel naquela época de queda terá um bom argumento para negociar neste ano", sugere.
Composição
O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. Entre os índices que compõem o IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou variação de 0,4% na primeira leitura de janeiro em dezembro a taxa foi de 0,97%. A maior contribuição para esta desaceleração partiu do subgrupo materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 1,44% para 0,3%. O subgrupo alimentos processados contribuiu para esse movimento com a desaceleração de 3,25% para 0,19%. No estágio dos bens intermediários, a taxa de variação passou de 0,98% para 0,28%.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou, no mesmo período, variação de 0,41%. No mesmo período do mês anterior, a taxa foi de 0,69%. Quatro das sete classes de despesa componentes do índice registraram decréscimos em sua variação, com destaque para o grupo alimentação (1,43% para 0,64%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou, no primeiro decêndio de janeiro, taxa de 0,62%. No mesmo período de dezembro, a taxa foi de 0,28%. O índice que representa o custo da mão de obra apresentou variação de 1,22%, no primeiro decêndio de janeiro.