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Mercado Financeiro

Instabilidade derruba ações de paranaenses

Fábrica da Positivo Informática em Curitiba: ações da empresa na Bovespa caíram 21% no primeiro semestre | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Fábrica da Positivo Informática em Curitiba: ações da empresa na Bovespa caíram 21% no primeiro semestre (Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo)
Veja como foi o semestre para as principais ações paranaenses |

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Veja como foi o semestre para as principais ações paranaenses

As ações das empresas paranaenses navegaram em águas turbulentas no primeiro semestre, em meio ao pior momento do mercado acionário brasileiro desde a crise de 2008. Das seis companhias com maior negociação na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), apenas duas tiveram resultados positivos. As exceções ficaram por conta da Copel – com alta tímida de 1,2% – e da Bematech, com 6%.

As maiores perdas foram da Companhia Providência (cujos papéis despencaram 23%), Po­­sitivo Informática (21%), Pa­­raná Banco (15%) e América La­­tina Logística (ALL), com re­­cuo de 12%. O Ibovespa, índice que reúne as principais ações da Bovespa, fechou o pe­­ríodo com queda de 11,16%. Em 2008, no auge da crise, a queda chegou a 25%.

"O semestre fechou em clima de frustração para o mercado, influenciado negativamente pelos problemas na Europa, com destaque para a Grécia, Espanha e Portugal, e pela recuperação mais lenta do que o esperado de economias desenvolvidas, como França, Inglaterra e Estados Unidos", lembra o analista Luiz Augusto Pacheco, da corretora Omar Camargo.

Os investidores estrangeiros já retiraram R$ 2,9 bilhões do mercado de ações brasileiro no primeiro semestre, a maior saída desde a crise. Somente em junho foram R$ 149 milhões a menos.

Em casa

No cenário interno, embora o país passe longe da crise europeia e esteja vivendo um momento favorável – embalado pelo forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e recorde de emprego – a alta dos juros para conter a inflação também provocou a migração do investidor mais conservador para a renda fixa.

As poucas ações que se salvaram no período foram as de companhias mais fortemente voltadas para o mercado interno, como as empresas de energia e de consumo. É o caso da Companhia Pa­­ranaense de Energia (Copel), que em junho integrou a lista das empresas com maiores altas no mês (10,7%), juntamente com Eletropaulo (16,75%), Braskem (16,13%), Lojas Renner (12,64%) e Cesp (12,28%). No acumulado até o fim de junho, no entanto, os papéis da empresa de energia tiveram alta tímida, de apenas 1%.

As outras duas maiores em­­presas do Paraná com papéis listados na Bovespa – a Positivo Informática e a América Latina Logística (ALL) – tiveram menos sorte. Para os analistas, embora as duas estejam se beneficiando do crescimento da economia, tiveram resultados impactados, respectivamente, pela piora nas condições de caixa e de pagamento de dividendos e pela necessidade maior de investimentos para crescer.

Teste de estresse

Para Rogério Garrido, gerente da filial do banco Fator em Curitiba, o mercado vai continuar a ser marcado pela forte volatilidade no segundo semestre. No cenário externo, os investidores aguardam com ansiedade a divulgação do resultado, no próximo dia 23 de julho, do chamado teste de estresse que a União Europeia está fazendo com os bancos europeus. O levantamento, realizado com 100 instituições, vai apurar o grau de fragilidade e do risco de um colapso em bancos com exposição à dívida soberana de países periféricos da zona do euro. "O teste na Europa vai ser uma espécie de divisor de águas para o mercado acionário nos próximos meses", afirma.

Outra preocupação se refere à possibilidade de um aperto monetário chinês como forma de contenção da inflação, já que várias empresas brasileiras têm correlação com o mercado da China.

No âmbito interno, segundo Garrido, há ainda a expectativa sobre a capitalização da Petrobras, que foi um dos fatores de volatilidade que marcaram os papéis da companhia no semestre. A Vale também teve forte oscilação, em meio à expectativa de aumento da cobrança de royalties sobre o minério. "As eleições também costumam provocar forte volatilidade no mercado", lembra Pacheco, da Omar Camargo.

Ranking

No semestre, a Bovespa ocupou a posição de pior aplicação do mês – o Ibovespa encerrou junho aos 60.935 pontos, com queda de 3,3% em relação ao mês anterior. O ouro, tradicional refúgio em tempos adversos, voltou a puxar a fila das aplicações mais rentáveis, com valorização de 3,47%.

Os analistas notam que tradicionalmente o índice da bolsa de valores tem três linhas que tende a respeitar: um piso aos 58 mil pontos, um teto aos 65 mil pontos e uma linha intermediaria, na qual "anda de lado" ao redor dos 62 mil pontos. O segundo semestre, contudo, começou em clima de desânimo, a partir das notícias negativas de recuperação da economia norte-americana, segundo Pedro Oliveira Franco, diretor da corretora Oliveira Franco. Mesmo assim, ele acredita que a Bovespa tem chances de bater os 70 mil pontos nos próximos meses.

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