Integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU) entraram na discussão sobre a revisão da Lei de Anistia do Brasil. "Já está mais do que na hora de o Brasil enfrentar esse assunto da anistia. Não por vingança aos militares. Mas porque o Brasil é praticamente o único grande país latino-americano que não tratou do assunto", disse Jean Ziegler, perito da ONU que nas últimas três décadas vem atuando como ativista em direitos humanos. "A manutenção da lei (atual) corrói a moral do país", disse.
Outro perito da ONU, o cubano Miguel Alfonso Martinez aponta que o tema do fim das leis de anistia e dos desaparecidos ganha força nas Nações Unidas. Ele presidiu nesta semana a reunião do Comitê Consultivo do Conselho de Direitos Humanos da ONU, um órgão que acaba de ser criado para pensar inovações na defesa dos direitos humanos. "O tema cresce e ganha espaço", afirmou.
Apesar das declarações de integrantes da ONU, ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o PT não deve "mexer com o passado", em reunião a portas fechadas com deputados e dirigentes da cúpula do partido no Distrito Federal. "Temos que olhar para o futuro", disse a ministra, que é ex-guerrilheira, segundo relato de participantes do encontro.
No início desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou todos os ministros a não alimentarem mais a polêmica sobre a revisão da Lei da Anistia.