Não é de hoje que as impressoras 3Ds têm revolucionado o tradicional modelo de manufaturação. Entretanto, seu uso tem sido descoberto, cada vez mais, por empresários que encontraram uma nova forma de produção e uma nova forma estreitar os laços com o consumidor final.
Primeiramente adotada pelos setores industriais, as impressoras 3D não estão mais destinadas somente a laboratórios industriais. Atualmente já são encontradas em casas especializadas de cópias 3D e passam a fazer parte de novos negócios de estabelecimentos comerciais e de serviço.
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O comércio eletrônico de confeitaria e decoração, Gourmella, tem como carro chefe de seus produtos as formas para biscoitos. Muitos delas eram importadas e, além das tradicionais produzidas em inox, também tinham as impressas em 3D. “Como o dólar subiu muito, decidimos fabricar para subir nossa margem de lucro. E notamos que a única máquina que não precisava de uma estrutura industrial era a impressora 3D”, comenta Thais Scremin, sócio-proprietária do empreendimento alocado em Curitiba.
Juntamente com o marido, Bruno Hack, o casal pilota o empreendimento e também oito impressoras 3D. “Compramos a primeira máquina em julho de 2014 e no ano passado já tínhamos seis”, diz Bruno. O técnico de som e, agora, técnico também de impressoras 3D acrescenta: “Hoje 70% do nosso comércio é focado na venda das formas de biscoito, sendo que 30% destas são personalizadas de acordo com o gosto cliente”.
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Aliás, a personalização é um dos maiores atributos deste tipo de máquina. A customização é realizada tanto na forma do objeto quanto na quantidade produzida. “Não há desperdício uma vez que o estoque é feito de acordo com a demanda”, diz Thais. Além disso, o casal ressalta que a impressora pula etapas. “Se antes faziam parte do negócio: a fábrica na China, a importadora, a distribuidora, o comércio e o consumidor final; hoje meu negócio sou só eu e meu cliente”, ressalta Bruno.
É também a personalização e a rapidez na entrega da impressão 3D que conferem ao dentista Domingos Filho Facioli uma nova forma de atuação dentro do seu ramo de trabalho com próteses odontológicas. “Com os equipamentos que possuo consigo diminuir até cinco funcionários da linha de produção, antigamente precisaria de uma média de nove pessoas envolvidas na fabricação das prósteses. Além disso, consigo otimizar as entregas em até 24 horas, enquanto que anteriormente precisaria de pelo menos quatro dias”, afirma Domingos.
Além da impressora 3D, a empresa localizada em Ribeirão Preto tem scanners intraorais, que permitem visualização precisa da anatomia da boca; e centros de usinagem para a confecção das próteses. Adiciona-se a esses equipamentos, um alto investimento em capacitação e manutenção, uma vez que as máquinas devem estar bem calibradas para oferecer o maior nível de detalhamento possível.
Mesmo com tanto investimento, Domingos afirma que o negócio é vantajoso. “Com a economia obtida – tanto com funcionários, quanto em tempo na produção – acredito que tenha o retorno desse dinheiro aplicado em até dois anos”, diz o empresário que já faz planos para comprar uma nova impressora no ano que vem.
Oportunidade de negócio
Confira as dicas de Felipe Aranega, designer e sócio-proprietário da Produteca, para setores que podem ser beneficiados com a impressão 3D.
1)ARTE IMPRESSA
Ente tantas aplicações às impressões 3D, essas peças também encontraram um terreno fértil no campo das artes. Em quatro anos que atua no mercado, Thomas Schmider, sócio-proprietário da Copy 3D, já recebeu demandas inusitadas como a impressão de objetos de arte para exposições.
“O artista Eduardo Dudas prototipou pedras que estavam na natureza. Ele as retirou do seu habitat natural, imprimiu em 3D, e as recolocou em seu local original para o registro da intervenção artística” comenta Thomas.
A exposição “Sólidos” foi realizada no ano passo, no Museu Metropolitano de Curitiba.
É possível encontrar também peças impressas em 3D na mostra permanente do Pátio das Esculturas no Museu Oscar Niemayer, em Curitiba. “Imprimimos miniaturas de obras, que tem tamanho original de dois metros, como parte das visitas guiadas para deficientes visuais ao museu”, relata o sócio-proprietário da Copy 3D.
2)Itens médicos e hospitalares: as cirurgias ortopédicas ganharam velocidade após a criação de impressões 3D que simulam os ossos do paciente. É possível realizar um ensaio cirúrgico com protótipos para analisar a perfuração de ossos e inserção de pinos, acelerando o tempo em sala de cirurgia.
3)Odontológica: aquele antigo molde bucal feito em gesso pode ser substituído, nume futuro próximo, por moldes bucais impressos em 3D que oferecem mais conforto ao paciente e agilidade aos profissionais da área.
4)Engenharia de desenvolvimento de produtos: baixo custo e maior rapidez na prototipagem e validação de conceitos em diferentes setores industriais.
5)Arquitetura e decoração: produção de maquete e estudos modularidade do espaço, além de produção de peças exclusivas e personalizadas em que é possível imprimir o estilo da pessoa.
6)Mercado imobiliário: maquetes impressas em 3D para display e show room de imóveis.
7)Entretenimento: As criações ganham forma na impressão 3D, e a personalização de itens de festas e momentos especiais se torna um grande nicho de investimento.
8)Moda: brinco, pulseira, cinto, sapatos e roupas ganham forma e personalização durante a impressão 3D. A criação é feita a partir de diferente materiais, como borracha e couro, e são adaptadas ao formato do corpo do cliente.
9)Gastronomia: a gourmetização da impressão 3D já começou. É possível encontrar chocolate, massa de biscoito e até restaurantes que imprimem os pratos a serem servidos aos clientes.