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“fala que eu te escuto”

Análise: alto-falante inteligente do Google é promissor, mas ainda incompleto

 | Divulgação/Google

O Google já falou que a principal promessa do Google Home – seu alto-falante inteligente acionado por voz – é que você não precisará mais levantar do sofá para acionar um interruptor de luz, mudar o canal de TV, procurar músicas para tocar ou fazer alguma pesquisa na internet. Mas o produto de US$ 129, que a companhia me enviou para análise semana passada, pode frustrar quem levava esses atrativos ao pé da letra.

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Não me entenda mal: quando o Google Home funciona, é simplesmente encantador. Mas o problema é que ele não funciona sempre.

Pontos positivos

Em geral, eu não tive problemas para configurar o aparelho e encontrei uma ou outra dificuldade no momento de fazê-lo entender minha voz. Mesmo tendo vivido com o Echo, da Amazon, por meses – e portanto estando já bem acostumada a controlar coisas com minha voz –, ainda encontrei várias coisas novas que o Google Home me ofereceu e se destacaram.

Veja um vídeo que mostra detalhes do Google Home

O melhor foi a integração com o Chromecast, aparelho de streaming do Google. Ser capaz de procurar por vídeos no YouTube e então transmiti-los na minha televisão sem ter de levantar um dedo foi sensacional – especialmente quando eu estava fazendo outras tarefas que exigiam minhas duas mãos. Isso pode soar apenas como uma conveniência a mais, mas uma que é muito bem-vinda.

E a habilidade de pausar e tocar meus vídeos com o Google Home também é algo quase mágico, ainda mais levando em consideração que a interface do Chromecast em meu celular nem sempre funciona a contento.

Outro recurso interessante é poder pesquisar e escutar podcasts, mesmo que você não tenha assinado os programas. É uma maneira prática de descobrir coisas diferentes sem ter que recorrer ao celular, pesquisar e então transmitir pelo alto-falante.

Pontos negativos

Por outro lado, essas vantagens apenas subiram as expectativas para outras funções que, ao fim, eu não encontrei.

Alguns problemas são pequenos. Um ponto negativo inesperado: dizer “Ok Google” em minha sala de estar também ativava o assistente de voz do meu celular, levando a uma ativação não intencional. Além disso, quando eu escutava música um pouco mais alto, o Google Home não conseguia ouvir meus comandos (uma falha também presente no Echo) – claro que aqui isso pode ser resultado das boas caixas de som do aparelho, em vez de uma falha nos microfones.

Outras falhas, no entanto, são bem maiores. Empolgada por meu sucesso inicial pesquisando podcasts, pedi para o Google Home tocar um episódio específico de um programa que eu tinha perdido, mas o aparelho não encontrou nada. E ao usar o Chromecast, tentei pedir para o alto-falante trabalhar com outros aplicativos que funcionam com o serviço de streaming, mas esse tipo de integração ainda não chegou ao assistente.

Dar de cara com os limites das atuais capacidades do Google Home foi frustrante. Apesar de eu ter certeza de que o Google vai trazer novos serviços para o aparelho constantemente – o que será uma obrigação se a empresa quiser de fato competir com a Amazon –, será um longo aprendizado tanto para a gigante de buscas quanto para nós, consumidores.

E, além disso, há uma série de serviços que eu uso no dia a dia e que não funcionam com o Google Home, como o iTunes – de fato, eu não consegui tocar no aparelho as músicas que estavam no meu iPhone. O Echo, da Amazon, ao menos funciona como um alto-falante acionado por Bluetooth, o que significa que mesmo que a Amazon e a Apple nunca façam uma parceria, mesmo assim o iPhone e o Echo conseguem conversar entre si. Com o Google Home, eu continuo no escuro.

Ecossistema

Isso acaba reforçando uma limitação importante: se você quiser tirar o máximo do Google Home, terá que estreitar os laços com o universo do Google. Isso não quer dizer que você precisará usar apenas produtos do Google, mas sim produtos de empresas com quem o Google tem um bom relacionamento.

Esse direcionamento sutil das suas decisões de compra não é algo que dá pra ignorar, independente de qual assistente por voz você escolha. Atualmente consumidores ainda não precisam se dividir entre suas empresas preferidas de tecnologia, mas, no futuro, você talvez tenha que assinar serviços e comprar suas lâmpadas com base em qual assistente você usa.

Esse dia, no entanto, ainda vai demorar pra chegar – tanto para usuários do Google Home quanto para os do Echo. Estes são dois produtos competentes, e pessoas que querem experimentar os assistentes de voz, fazer experiências e se divertir neste momento, devem compra-los. Em termos de recomendações, eu diria que o Google Home é melhor para pessoas que já usam o Chromecast e serviços do Google; aquelas que não se enquadram nesta categoria talvez prefiram o Echo.

Por fim, é preciso levar em conta que o Google Home – ou qualquer outro aparelho controlado por voz – é um investimento em uma tecnologia do futuro. De fato, o Google Home faz um bom trabalho deixando isso claro. Peça por algo que o aparelho ainda não pode fazer, e ele lhe dirá que não pode fazer isso “ainda” – deixando em aberto a possibilidade de que algum dia o alto-falante poderá fazer qualquer coisa que você pedir. Algum dia, mas não hoje.

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