As previsões e estimativas envolvendo a utilização comercial de drones são generosas: uma das mais recentes, divulgada pela PwC, prevê que este mercado vai movimentar uma cifra de US$ 127 bilhões já em 2020. Não à toa, as pequenas aeronaves têm sido foco de estudos de empresas de hardware e software, entre elas a multinacional Accenture, que conseguiu trazer para os drones outra tecnologia estratégica: a inteligência artificial.
A nova solução, voltada para o monitoramento remoto e coleta de dados com as aeronaves, foi desenvolvida por arquitetos brasileiros de tecnologia do Centro de Inovação da empresa, divididos em São Paulo e Recife. O projeto surgiu após workshops feitos pela empresa com clientes, que citaram dificuldades em fazer a inspeção de linhas elétricas – geralmente, esse serviço é feito por técnicos em helicópteros que voam a poucos metros das linhas de transmissão para identificar visualmente falhas.
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“Todo mundo já sabia que neste caso é possível trocar o helicóptero por drones. Mas a grande inovação foi trocar a inteligência de quem está do lado de fora (inspecionando as linhas) por uma inteligência artificial. Em menos de um mês conseguimos fazer uma prova de conceito que mostrava a viabilidade da solução”, afirma o diretor executivo da Accenture Technology, Roberto Frossard.
Ao se aproximar da infraestrutura que estão pesquisando, os drones conseguem capturar dados como temperatura e imagens visuais, que são transmitidas em tempo real junto de outras informações (como a localização). O principal diferencial é que a solução utiliza ferramentas de machine learning – técnica em que o software utiliza bancos de dados para aprender por conta como atuar, em vez de ser programado para tal – e visão computacional, que é a utilização de dados ou imagens para a tomada de decisões.
Assim, os técnicos conseguem, à distância, receber um diagnóstico preciso da infraestrutura e identificar falhas com maior precisão e agilidade – situações que poderiam passar em branco caso não fossem apontadas e interpretadas pelos drones de maneira pró-ativa. A promessa, segundo a Accenture, é de uma redução de 50% nos custos com este tipo de monitoramento, que pode ser aplicado também em outros setores, como na indústria e na agricultura de precisão.
Agora, a intenção é levar a solução para todo o mundo, em parceria com a SAP, empresa alemã que mantém o Centro de Inovação junto da Accenture. A ideia é que a Accenture disponibilize a aplicação de inteligência artificial e os drones em si sejam ofertados por outras empresas, já que a companhia não fabrica as aeronaves. Segundo Frossard, há conversas avançadas inclusive com grandes empresas de aviação da Europa e Estados Unidos, interessadas em incluir os serviços de monitoramento em seus portfólios.
Potencial de mercado há. O estudo da PwC divulgado mês passado aponta que os serviços de monitoramento de infraestrutura, manutenção e inventário de ativos serão os mais requisitados com drones, gerando um faturamento de US$ 45,2 bilhões nos próximos anos. Somam-se a isso as estimativas otimistas ligadas à inteligência artificial – a IDC aponta que, em 2020, aplicações que usam machine learning vão gerar um faturamento de US$ 40 bilhões para as empresas que atuam no ramo.
“Estamos investindo nisso porque sabemos que no futuro haverá um mercado muito grande de inteligência artificial, que está cada vez mais acessível”, resume Frossard.
Drones construtores
O potencial de soluções que integram drones e inteligência artificial tem sido estudado também por várias universidades no mundo. A Universidade de Zurique, por exemplo, tem um time de pesquisadores focado em desenvolver métodos e técnicas capazes de viabilizar a utilização de drones para construir estruturas. O time inclusive já fez um teste em que drones autônomos conseguiram construir uma ponte suspensa, atuando em conjunto.
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