O bisneto de Henry Ford alertou para a necessidade de a indústria automobilística e as instituições públicas tratarem de questões éticas que surgem em um mundo onde os carros-robôs irão tomar decisões de vida ou morte em acidentes nas estradas -- e devem fazê-lo logo.
“Esses carros terão a capacidade de processar dados e tomar decisões muito mais rapidamente do que nós, seres humanos”, disse Bill Ford, presidente executivo da Ford Motor Co., que prometeu lançar táxis autônomos até 2021. “Nenhuma companhia programará estes veículos com um conjunto de discernimento ético que não foi formulado pela sociedade como um todo”
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A discussão para definir a ética dos autônomos deve juntar a indústria automobilística, governo, universidades e especialistas em ética, disse Ford a repórteres nesta semana, após um discurso na sede da empresa, em Dearborn, Michigan.
Com carros autônomos prestes a tomar as estradas, nos próximos cinco anos, a necessidade desta discussão é urgente, disse ele. “Como você quer que esses veículos se comportem?”, perguntou Ford no discurso. “Quais vidas eles devem salvar?”
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Ford, de 59 anos, foi um dos primeiros executivos da indústria automobilística a alertar para as mudanças que vão mexer com o segmento, na medida em que 60% da população mundial migrará para grandes centros urbanos ao longo dos próximos 15 anos, causando desafios de congestionamento, poluição e mobilidade.
Desde o aviso sobre o “impasse global” em um TED Talk em 2011, Ford fez sua empresa adotar novos métodos de mobilidade, incluindo compartilhamento de viagens e veículos sem motoristas.
O CEO, Mark Fields, disse na segunda-feira (12) que a montadora vai começar a vender carros que não precisam de motoristas em 2025. A empresa também planeja lançar táxis-robôs em 2021 e está trabalhando em conjunto com grandes cidades para aliviar o congestionamento, oferecendo compartilhamento de bicicletas e vans para o transporte cotidiano.
Risco
Montadoras e gigantes da tecnologia estão preocupados com os desafios éticos da programação de carros robóticos, que devem tomar decisões de vida ou morte. A promessa dos carros autônomos é que eles serão capazes de evitar colisões, reduzindo drasticamente as mortes nas estradas norte-americanas, que subiram 7,2%, indo para 35.092 no ano passado.
Mas acidentes ainda vão acontecer. E, nesses momentos, um carro-robô pode ter que escolher o menor entre os males -- por exemplo, desviar para uma calçada lotada para evitar de uma colisão com um caminhão em alta velocidade ou ficar no caminho, colocando seus ocupantes em risco.
“Há uma série de questões éticas que temos que trabalhar em sociedade antes de uma adoção generalizada dos autônomos”, disse Bill Ford. “E sobre isso não se tem falado o suficiente”.
A questão precisa de “conversas muito profundas e significativas”, disse ele. “Com sorte, teremos pessoas que refletem bastante sobre o assunto para ter este debate. Ele tem que acontecer”.