Um estudo publicado no início de outubro descreve uma maneira de detectar aqueles que tentam enganar na internet -- por exemplo, pessoas que criam vários perfis para fazer comentários, resenhas ou tweets, fazendo parecer que foram várias pessoas que escreveram. Conhecida como “astroturfing”, a prática foi identificada por meio de um método estatístico que analisa múltiplas amostras escritas.
Realizada por Kim-Kwang Raymond Choo, professor de sistemas de informação e cibersegurança da Universidade de Texas em San Antonio (UTSA), a pesquisa foi publicada no site Science Daily.
Choo e os dois co-autores do estudo, também professores da UTSA, descobriram que é muito difícil que alguém desvie completamente de seu estilo de escrita. Com base em escolha de palavras, pontuação e contexto, o método conseguiu perceber quando uma única pessoa era responsável por manter mais de um perfil.
Como amostra, os pesquisadores escolheram os comentadores mais assíduos em diversos perfis em redes sociais e sites de notícias, e descobriram que muitas pessoas que expõem suas opiniões online são, na verdade, uma pequena quantidade de produtores de conteúdo. Choo, em declaração à Science Daily, explicou que “astroturfing não é ilegal, mas é eticamente questionável. Desde que as redes sociais se popularizaram, isso tem existido”.
A prática tem sido muito utilizada por empresas e empresários para manipular usuários de redes sociais ou compradores de lojas online, por meio da contratação de um funcionário que poste comentários falsos sobre produtos, por exemplo. Dessa maneira, a quantidade de comentários positivos pode gerar a ilusão de que produtos, empresas e até mesmo pessoas públicas são bem avaliadas.
O autor da pesquisa explica que essas ações podem ser usadas por inúmeros motivos, que incluem “sabotar concorrentes por meio da disseminação de opiniões negativas a respeito deles”.
Candidatos políticos também têm sido acusados de utilizar o astroturfing para forjar apoio do público. Entre os acusados, encontram-se, por exemplo, o ex-presidente americano George W. Bush, e os atuais candidatos ao cargo Hillary Clinton e Donald Trump, de acordo com a Science Daily.
Método binário
A pesquisa utilizou uma análise chamada de “n-gram” nos textos selecionados para gerar dados. Através do sistema binário, atribuiu uma série de valores para cada um dos termos, pontuação e contexto, criando um gráfico com o número médio de vezes que cada palavra, por exemplo, era utilizada nos comentários de um determinado autor.
As pessoas que tiveram os comentários selecionados passaram a ter seu próprio gráfico, que representa um perfil de escrita. Dessa maneira, é possível comparar os perfis obtidos e detectar quando se trata da mesma pessoa escrevendo.
Segundo a pesquisa, o método criado pode ser aplicado, no futuro, em outras áreas, como identificação de plágio, terrorismo e ghostwriting.
Colaborou: Cecília Tümler
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