Vista como uma grande aposta das gigantes de tecnologia, a inteligência artificial (IA) também tem monopolizado as atenções de pequenos desenvolvedores e startups mundo afora. Isto, curiosamente, graças a um “empurrãozinho” de companhias como Google, IBM e Microsoft, que estão disputando esse mercado bilionário.
Geralmente restritas à academia, as iniciativas open source, que disponibilizam softwares, algoritmos e sistemas de forma gratuita, têm ajudado a facilitar o acesso à inteligência artificial e a fomentar a criação de novas aplicações.
A “democratização” da tecnologia sinaliza uma recente mudança de atitude das empresas do setor, que têm deixado de manter em segredo suas pesquisas e soluções. O Google, por exemplo, liberou no fim do ano passado parte dos algoritmos responsáveis pelo seu aplicativo Fotos, que usa machine learning – técnica em que o computador aprende por conta a fazer ações, em vez de ser programado – para catalogar e identificar imagens.
Ao abrir os códigos para acessar o sistema, a gigante de busca permite que desenvolvedores testem e aperfeiçoem a tecnologia –e, num segundo momento, compartilhem essas melhorias com a empresa. Não se trata, portanto, de mera filantropia.
A Microsoft também tem iniciativas semelhantes. Entre as mais recentes está o Projeto Malmo, que usa o popular game Minecraft (pertencente à empresa) como uma plataforma para testar aplicações de inteligência artificial. Após fazer estudos iniciais, a equipe por trás do projeto decidiu liberar a plataforma por meio de uma licença de código aberto, permitindo que pesquisadores e mesmo amadores possam desenvolver suas próprias experiências. “Nosso foco, desde o início, foi garantir que as barreiras para a inovação fossem as mínimas possíveis”, afirma, em nota da empresa, o líder de desenvolvimento do Malmo, Matthew Johnson.
Outra forma de facilitar o acesso à inteligência artificial é “subsidiar” o primeiro contato de startups e pequenas empresas com a tecnologia, permitindo que desenvolvedores façam testes antes de adotar a tecnologia em maior escala e passar a pagar por ela. É o caso da IBM e sua plataforma de computação cognitiva, Watson, que oferece quase 30 aplicações diferentes com IA.
“Um desenvolvedor independente pode criar uma conta e ter acesso gratuito por 30 dias. Além disso, cada aplicação possui um limite de vezes que você pode usar sem pagar. E, se ultrapassar esse limite, são centavos de reais a cada vez. É um valor tão acessível que todo mundo se sente confortável para no mínimo iniciar um laboratório de pesquisa para testar a tecnologia”, afirma o arquiteto de Soluções para o Watson no Brasil, Thiago Rotta.