Veja como é a tecnologia: ter uma impressora 3D enfeitando a sala de estar pode soar hoje como uma ostentação tecnológica; em pouquíssimos anos, não tê-la será, provavelmente, tão antiquado quanto pedir um sinal de fax em 2016. O mercado está aberto e é bilionário. E uma fabricante de Curitiba, a Boa Impressão, sabe disso.
Para conquistar o público de entrada, que quer ter sua primeira impressora tridimensional, os curitibanos jogaram uma isca quase infalível: o preço. A Stella 3D, nome da máquina, custa R$ 1.920. É praticamente a metade do preço dos modelos mais em conta dos fabricantes nacionais. Se comparar com as importadas tradicionais, aí a economia pode chegar facilmente a 70% -- há iniciativas surgindo com valores bem mais baixos (veja algumas delas).
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“Entrar em um mercado que já tem players atuando para fazer mais do mesmo não iria dar certo. Poderíamos investir somente em um atendimento melhor, mas esse não seria o caminho para vender”, conta o empresário Thiago Martins Peixoto.
Peixoto é um dos quatro sócios da empresa. Curiosamente, o cientista da computação fabrica as futuristas impressoras de uma forma meio old school, quase caseira, em um apartamento no Bigorrilho. Sua esposa, Vanessa Pestana Peixoto, alia a produção com o papel de setor financeiro. A empresa tem um braço em São Paulo, em que o irmão, Felipe Peixoto, e o amigo de infância Thieres Claumer cuidam do marketing e vendas.
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Tudo devidamente formalizado, embora tenha começado de forma despretensiosa. Thiago brincava de modificar impressoras 3D gringas como hobby, até chegar ao modelo que mais tarde comercializaria. Junto com seus hoje sócios, levou a sua máquina “Frankstein” para a Campus Party no ano passado. “Lá sofremos a pressão dos amigos para vender para eles impressoras iguais. Depois, a pressão veio de amigos dos amigos”. Não deu mais para segurar o crescimento orgânico. Tanto que o empresário não tem certeza do número de proprietários das Stellas, “stelleiros” como ele chama – o melhor parâmetro é um grupo no Facebook que funciona como fórum de clientes: tem mais de cem pessoas.
Para chegar ao preço supereconômico no segmento, Peixoto encrudesceu o equipamento. O que era supérfluo, saiu. Fios ficam à mostra. Não existe aquela carcaça de proteção dos modelos tradicionais. Mas a impressora é perfeitamente funcional, garante. Tem uma área de impressão de 200x200x200mm em que imprime diversos tipos de polímeros (plásticos como PLA, PET e nylon). Compra-se pelo site da empresa e ela chega montada e calibrada à casa do cliente -- que precisa encarar uma fila de entrega, hoje em 15 dias.
E parece ter chegado ao público pretendido: muitos hobbistas compraram, diz o empresário. Mas não somente eles. “Pequenas empresas e autônomos a escolheram para fazer dinheiro. No Nordeste, tem um cliente que usa para produzir imagens religiosas, que são difíceis de fazer manualmente. Tem escritório de prototipagem que está levando a terceira”, conta.
Hoje a manufatura aditiva, que é o termo correto para a impressão 3D, ainda é limitada: imprime em plástico e com custos não necessariamente baixos. Mas tudo muda rápido. “De repente a Nike passa a vender os seus comandos para que o tênis seja fabricado em casa, em vez de disponibilizá-lo em uma loja. Você simplesmente compra estes comandos, eles chegam online e você imprime o seu próprio tênis”, projeta Peixoto.
Ele não está exagerando. Até porque a Nike realmente está estudando os tênis impressos em 3D. Além disso, neste momento, o Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) está desenvolvendo uma fibra de tecido tida como o futuro do vestuário. Será questão de tempo até você imprimir suas próprias roupas. E várias outras coisas. Até aparelhos de fax, se for saudosista o suficiente.
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