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Computador escritor consegue emplacar conto em concurso de literatura

Máquinas e programas dotados de inteligência artificial já conseguem desempenhar tarefas antes restritas a humanos, como esse robô da IBM, equipado com o sistema de computação cognitiva Watson | LLUIS GENE/AFP
Máquinas e programas dotados de inteligência artificial já conseguem desempenhar tarefas antes restritas a humanos, como esse robô da IBM, equipado com o sistema de computação cognitiva Watson (Foto: LLUIS GENE/AFP)

Computadores e máquinas dotadas de inteligência artificial provaram em várias ocasiões que já conseguem desempenhar com facilidade tarefas antes restritas a humanos. O que inclui disputar uma partida de Go com um campeão mundial, ajudar executivos a tomar decisões estratégicas, encomendar produtos para a sua casa e até mesmo aprender por conta como agir em situações inesperadas.

Agora, cientistas japoneses querem “ensinar” a programas de computador como escrever uma história envolvente e tecnicamente impecável. O primeiro passo já foi dado. Mês passado, uma inteligência artificial conseguiu emplacar, pela primeira vez, um conto em um popular concurso de literatura do Japão. O nome da obra, inclusive, vem bem a calhar: o título é “O dia em que um computador escreveu um conto”.

O texto foi selecionado na primeira etapa do concurso Nikkei Hoshi Shinichi Literary Award, que leva o nome de um escritor japonês de ficção científica. Tradicionalmente, a premiação recebe obras escritas por candidatos humanos e também por programas de computador, mas, no momento da análise, os jurados não recebem qualquer informação extra para fazer essa distinção.

Esta foi a primeira vez que um conto co-escrito por um computador e humanos passou pela primeira fase – neste ano, dos 1.450 contos analisados, 11 ganharam vida com a ajuda de uma inteligência artificial. O trabalho mais árduo, é preciso reconhecer, foi feito pela equipe de cientistas da Universidade do Futuro, sediada na cidade japonesa de Hakodate, no litoral do país.

Os programadores pré-selecionaram uma série de palavras e sentenças e definiram o tema do conto, além de inserir no computador detalhes sobre os protagonistas. Em seguida, a inteligência artificial organizou essas informações para “escrever” o texto final, de forma autônoma.

“O dia em que um computador escreveu um conto” não foi selecionado para as fases seguintes, mas mesmo assim já ficou para a história como mais um exemplo do potencial da inteligência artificial para ajudar os humanos não só em tarefas na indústria (como a automação de linhas de produção) e na análise de dados, mas também em ações mais subjetivas. O sistema de computação Watson, da IBM, por exemplo, consegue criar receitas de refeições, interpretar processos judiciais considerando a jurisprudência existente e analisar a personalidade de uma pessoa por meio de sua escrita.

A última sentença do conto japonês, aliás, é emblemática (e até um pouco assustadora): “O computador, dando prioridade à busca pela própria felicidade, parou de trabalhar para os humanos”.

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