Com a popularização do acesso à internet, cada vez mais pessoas passaram a ampliar sua visão de mundo, conhecer novas ideias e rever seus conceitos, certo? Não necessariamente. Pense em quantos conhecidos você viu recentemente no Facebook dizendo que estavam excluindo partidários deste ou daquele grupo político. E na última vez em que foi surpreendido com a sugestão de páginas ou grupos com ideologias contrárias à sua – neste caso, deve fazer um bom tempo.
Este processo de “retroalimentação” de ideias estimulado pelos próprios usuários, por filtros de buscas e algoritmos, foi batizado de “filtro-bolha” pelo escritor e fundador da Avaaz.org Eli Pariser. No livro best-seller de mesmo nome, Pariser alerta para a “edição invisível e algorítmica da web”, em que cada resultado de busca, sugestão de amigo ou de produto a ser comprado apenas reforça convicções e interesses pessoais do internauta.
“Não é apenas no Google e Facebook. Isto é algo que está varrendo a rede. E nos leva muito rapidamente para um mundo no qual a internet nos mostra aquilo que ela pensa que queremos ver, mas não necessariamente o que precisamos ver”, fala, em um vídeo no portal TED visto mais de 3,6 milhões de vezes.
Algoritmo escolhe as roupas para você em novo aplicativo
Leia mais sobre Inteligência Artificial
Obviamente, os filtros adotados pelas grandes empresas não são uma maneira somente de “organizar” a enorme quantidade de informação disponível.
“Essas plataformas se valem desses filtros-bolhas, desses algoritmos, para atender um modelo de negócio específico delas, que é a publicidade direcionada”, resume o professor da FGV Direito Rio e pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da fundação Eduardo Magrani.
O principal problema, alerta Magrani, é que não há como o usuário “desligar” essa filtragem – os próprios critérios e fórmulas usadas nos algoritmos são envoltos em segredo.
“Do jeito que está hoje, não há o que fazer. Não posso criar minha própria curadoria. E aí vivo e sobrevivo virtualmente numa câmara de eco, nesta bolha em que só aparece o conteúdo que os algoritmos acham que estão alinhados à minha visão de mundo”, completa.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens