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Drone que “enxerga sozinho” é o novo passo para a sua popularização

 | Michael Nagle/Bloomberg

Um dos maiores obstáculos para que os drones saiam pelos Estados Unidos entregando pacotes é a exigência da Administração de Aviação Federal (FAA, na sigla em inglês) de que se mantenham sempre no campo de visão do operador durante as horas do dia. Por isso, a Qualcomm está trabalhando em uma solução que está bem em frente aos nossos olhos: redes de celulares.

As regras da FAA existem para prevenir acidentes com a aviação comercial e diminuir o risco de o drone sair do controle e entrar em áreas que não são permitidas para eles. Ao se conectar com as redes das torres que ligam celulares e internet o operador fica apto a rastrear e manobrar o drone mesmo quando eles não estão mais visíveis.

De acordo com Tom Morrod, diretor sênior de eletrônicos de consumo na indústria pesquisadora IHS Markit, a indústria está desesperada por uma solução para as regras da FAA, pois são elas que estão segurando a adoção em massa dos dispositivos. “Isso terá um impacto particularmente profundo no varejo e na logística de entrega de bens”, afirma.

Qualcomm, a maior fabricante de chips para celulares, está testando a ideia no heliporto da própria sede em San Diego. A localização, segundo a empresa, é ideal porque fica dentro do espaço aéreo controlado pela Miramar Marine Corps (Corporação da Marinha de Miramar), ou seja, a área é normalmente usada por aviões militares. Isso faz com que tenham muitas oportunidades de provar que os drones podem operar de forma segura dentro de espaços aéreos restritos, sem serem sugados para dentro dos motores de um F-18, além de ficarem fora do campo de visão do condutor quando entram atrás dos prédios.

Assim como são chamados os caças supersônicos que foram lançados, o drone tem um nome, Qualcomm 1, e precisa de autorização da torre de controle de Miramar antes de decolar. Qualcoom 1 opera conectado às redes de celulares e já fez mais de 550 voos na área congestionada conhecida por “Top Gun”, recolhendo dados que devem convencer os reguladores que drones podem operar sozinhos e de forma segura.

“Somando autonomia e conectividade você tem múltiplos mecanismos que garantem segurança”, afirma Paul Guckian, responsável pelas pesquisas e desenvolvimento do programa da Qualcoom para adequar os drones às novas regras. “Considerar a segurança das pessoas no solo e a segurança dos aviões no espaço aéreo nacional trata-se de uma redundância de mecanismos de segurança”, completa.

No geral, de acordo com a Qualcomm, drones avançados são inteligentes o suficiente para se cuidarem sozinhos: você só precisa apertar um ícone em um tablet ou smartphone e eles irão para onde mandaram que fossem. Se no caminho ele encontrar um pássaro curioso ou um prédio, vai usar as câmeras e os dados de computador para desviar do obstáculo. Caso a bateria não seja suficiente para ir até o destino, ele para imediatamente e aterrissa com segurança.

O que a conexão celular adiciona é um backup seguro e controlado. Ou seja, estabelecer uma conexão com uma rede de internet já existente significa que o drone pode ser facilmente rastreado para voar de forma segura em áreas muito populosas onde tem um potencial para causar danos e também de maior uso. Por exemplo, aeroportos podem estabelecer automaticamente uma área proibida para o uso de drones adicionando um software que pode detectar quando um deles tenta se conectar com uma torre de celular próxima ao espaço aéreo, e então proibir o dispositivo de decolar ou forçar pouso imediatamente.

Para empresas como a Qualcomm, o esforço para remover os bloqueios vale a pena. Assim como outras fabricantes de chips, eles estão olhando para o potencial de drones e robôs que pode ajudar a acalmar o mercado de computadores pessoais, que está em baixa. A empresa de pesquisa Gartner Inc. estima que 2,2 milhões de drones de uso pessoal foram vendidos no ano passado, cerca de 242 mil a mais que em 2013. Isso ainda é apenas uma pequena fatia quando comparados aos mais de um bilhão unidades de smartphones entregues no mesmo período.

De acordo com Guckian, construir drones junto com celulares traz muitas vantagens para Qualcomm sobre um grupo de componentes independentes. Todo o poder de computação e tecnologias de comunicação se unem em um pequeno pacote já montado para durar mais com uma bateria limitada. Isso significa que um drone baseado em celulares pode ser menor, voar mais longe e carregar mais carga que os demais.

O Qualcoom 1 já voou com abelhas e provou que não é uma ameaça. Apesar disso, o drone atraiu a atenção de pássaros que se incomodaram com a proximidade do objeto com os ninhos. Por isso, a Qualcomm trabalha para aprimorar o sistema de inteligência artificial do dispositivo e superar o desafio que é evitar os animais durante o voo, fazendo com que ele possa ser usado em ambientes ainda mais complexos.

“Pássaros não colaboraram muito, por isso a velocidade de resposta da tecnologia de detectar e evitar é muito importante”, lembra Guckian. “Esse é um desafio que ainda estamos de olho”, finaliza.

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